"Será sempre, sempre, à minha maneira", declaram os Xutos & Pontapés na canção que empresta o nome à sua nova autobiografia, onde as histórias que compõem os primeiros 20 anos desta icónica banda portuguesa são contadas exatamente dessa forma: à maneira deles.
Editado no final de outubro, ‘À Minha Maneira’ é uma autobiografia contada na primeira pessoa pelos membros da banda, num diálogo composto à posteriori por Ana Ventura, jornalista de música. “O livro é feito a partir de uma entrevista comum, mas feita isoladamente aos cinco. O diálogo que se encontra no livro é um diálogo formulado por mim”, disse a autora ao Notícias ao Minuto.
O primeiro de dois volumes, este compêndio de histórias compreende o período entre 1979 e 1999, incluindo os testemunhos de Tim, João Cabeleira, Gui, Kalu e Zé Pedro, que faleceu em novembro de 2017, vítima de doença prolongada. A ideia da autobiografia partiu, aliás, de Zé Pedro, quando Ana Ventura o desafiou a fazer uma biografia sobre ele. “Ele fez uma contraproposta, um livro sobre os Xutos, e a coisa acabou por se construir a partir daí”.
Ainda a trabalhar no segundo volume da autobiografia, Ana Ventura destaca rapidamente a maior diferença entre os dois trabalhos: “A maior diferença é que no segundo volume o Zé Pedro já não vai estar a falar, já não vai estar a contar a história dos Xutos. Para mim, essa será a grande mais-valia deste primeiro volume. A maioria das histórias que nós estamos a contar aqui, basicamente, já sabíamos, mas temos o Zé Pedro a contá-las, também. Eu acho que essa é a grande pérola deste livro, termos ainda o Zé Pedro connosco”.
O segundo volume, que sairá no final do próximo ano, centrar-se-á no percurso da banda depois do virar do século, onde se incluem, de acordo com a autora, “as grandes consagrações” mas também “ alguns momentos muito complicados nas vidas dos Xutos”, como as mortes de Zé Pedro e de Marta Ferreira, irmã de Kalú e agente da banda desde os anos 90.
“É fácil pensar que este livro é para os fãs dos Xutos”, disse Ana Ventura, avisando, porém, que “todos nós temos um bocadinho de fã de Xutos”. “Os Xutos acompanham muito aquilo que é a vida de Portugal ao longo dos últimos 40 anos”, acrescentou.
O livro, que foi publicado com a chancela da Showtime e está à venda nos pontos habituais, retrata o início do percurso de uma banda que “faz parte da sociedade portuguesa”, de forma que é “para qualquer pessoa, quer goste de rock, de fado, hip-hop”. “Pessoas que gostem de história e de histórias de vida, este é o livro ideal para elas”, termina Ana Ventura.