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'Reinar depois de morrer' com três récitas no Teatro Nacional São João

A Companhia de Teatro de Almada (CTA) apresenta, de hoje a sábado, no Teatro Nacional São João, no Porto, a peça "Reinar depois de morrer", que o encenador definiu à Lusa como uma "viagem mítica" sobre Inês de Castro.

'Reinar depois de morrer' com três récitas no Teatro Nacional São João
Notícias ao Minuto

08:00 - 05/12/19 por Lusa

Cultura Teatro

Escrita pelo dramaturgo espanhol Luis Velez de Guevara (1579-1644), a peça teve estreia absoluta, em Portugal, em 25 de outubro último, no Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada.

Uma "viagem mística de uma personagem como Inês de Castro que pensa que a transcendência na vida é mais importante do que a própria vida", acrescentou à Lusa o encenador Ignacio García quando da estreia da peça que, referiu, põe em cena "uma das mais lendárias" histórias de amor de Portugal, a de D. Pedro e D. Inês de Castro.

Coproduzida pelas companhias de Teatro de Almada e Nacional de Teatro Clássico (Madrid), o espetáculo terá também uma versão em espanhol, com atores espanhóis e encenação de Ignacio García, um divulgador do repertório do chamado "Século de Ouro" espanhol.

A versão em espanhol estrear-se-á no palco da sede da Companhia Nacional de Teatro Clássico de Madrid, o Teatro da Comédia, em 10 de janeiro de 2020, e estará em cartaz até 09 de fevereiro.

Em princípio, em 27 de janeiro de 2020, a sala madrilena acolherá uma récita da versão portuguesa, "uma esplêndida tradução" de Nuno Júdice a partir da versão dramatúrgica de José Gabriel Antuñano, como afirmou à Lusa Ignacio García antes da estreia, em Almada.

"Reinar depois de morrer" marcou o regresso a Almada dos dois criadores espanhóis que, em 2017, puseram em palco "História do cerco de Lisboa", a partir da obra homónima de José Saramago.

Um regresso "feliz" e que, segundo o encenador, "seria ainda mais feliz" se conseguisse levar as versões portuguesa e espanhola da peça ao Festival Internacional de Teatro Clássico de Almagro, cuja próxima edição decorrerá em julho de 2020 naquela cidade espanhola e do qual é diretor.

"Reinar depois de morrer" surge também na sequência do "sonho ibérico" de que falava Saramago, conferindo ao projeto hispano-português um "vínculo institucional, artístico e de atores" entre os dois países, explicou.

Escrito em 1635, no mesmo ano em que o poeta e dramaturgo Calderón de la Barca escreveu "A vida é sonho", "Reinar depois de morrer" embora "seja de temática portuguesa [...] é uma lenda de claras influências espanholas, porque tanto Blanca de Navarra como Inês de Castro são personagens espanholas [duas das personagens da peça]", frisou o encenador.

A história de amor de Pedro e Inês, à qual se opôs uma razão de Estado, mantém-se atual pelos temas que aborda: justiça, dignidade e compaixão.

"O que faz um rei ser rei é que seja mais compassivo que os demais, que seja melhor que os demais seres humanos. Se não é melhor que os demais seres humanos, não merece ser rei", precisou.

Um princípio que, para Ignacio García, continua atual, numa altura em que "o exercício do poder se baseia mais na força".

O exercício do poder "baseia-se no serviço, na generosidade, na exemplaridade. Se como rei não mereces ser rei, se como governante não estás a fazer o que é correto, então não tens legitimidade [para exercer o poder]".

Esta é outra das lições da obra de Luis Velez de Guevara, foi publicada, pela primeira vez em Portugal, em 1652, em castelhano, integrada numa coleção intitulada "Comedias de los mejores y más insignes poetas de España", segundo a CTA.

Protagonizada por José Neves (D. Pedro), ator cedido pelo Teatro Nacional D. Maria II, Margarida Vila-Nova (D. Inês) e João Lagarto (rei D. Afonso), "Reinar depois de morrer" conta ainda com interpretação de Ana Cris, David Pereira Bastos, Leonor Alecrim, Maria Frade e Pedro Walter. Como filhos de Pedro e Inês estão as crianças Diogo Moura e Gonçalo Saraiva.

O cenário é de José Manuel Castanheira, os figurinos de Ana Paula Rocha e o desenho de luz de Guilherme Frazão.

Com hora e meia de duração, as três récitas no Porto começam às 21:00, com a sessão de sexta-feira a incluir uma conversa com o público no final do espetáculo.

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