Teatro do Frio estreia no Porto nova produção 'Oásis'
O Teatro do Frio estreia na sexta-feira, no Teatro Helena Sá e Costa, no Porto, o espetáculo 'Oásis', uma criação coletiva, fruto de três residências artísticas, que propõe um diálogo intimista partindo das inquietações de nove criadores portugueses.
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Cultura Teatro
Em cena, estão sete dos nove criadores. O palco que partilham há de dividir-se, ao longo do espetáculo, em sete micro espaços, onde o texto, a palavra e os silêncios ganham novas interpretações em cada cena.
Em algumas delas, o público é convidado a "posicionar-se". Às vezes como "massa", outras como indivíduo, num confronto com interrogações de contexto político, social ou privado.
"A ideia de um espetáculo mutável é permitir diferentes pontos de vista sobre uma ideia que até já está a ser construída. Cada um faz a sua edição e cada um escolhe o seu ponto de vista: participa, não participa. E participar de que forma? No centro, na periferia?", explicou, à Lusa, Catarina Lacerda, diretora artística do espetáculo.
'Oásis', diz Catarina, é, na verdade, "a tridimensionalização" das inquietações trazidas para palco. É um convite a ponderar sobre elas e a questionar sobre as possibilidades de fazer diferente.
Na folha de sala, Catarina Lacerda fala numa "maquete em tamanho real" que instiga à experimentação e à relação física com o público que é convidado a intervir, qual ator suplemente numa peça em constante recriação.
"Num dos documentos de inspiração que trouxemos, dizia-se: é bom mudar de opinião, não é uma fragilidade. Temos esse direito. E o espetáculo traz essa possibilidade", sublinhou no final do ensaio de imprensa.
Ao longo de 60 minutos, é proposta uma nova ocupação da sala de teatro. Um roteiro por outros espaços interiores, normalmente vedados, onde o público é convidado a experimentar um outro palco.
Há projeções de vídeo, música ao vivo e momentos de intimidade onde, no escuro, a alguns metros do ator, o espetador é confrontado com conceitos e interrogações sobre violência, especulação imobiliária ou comunismo liberal.
Como criação coletiva resulta de um processo de trabalho partilhado no último ano em três residências artísticas cujo "mapa mental" é materializado nesta nova produção.
Para entrar na pele que o espetáculo pede, Sara Neves, diz que foi preciso, sobretudo um trabalho de "sincronização" entre todos os elementos.
De áreas diferentes foi preciso encontrar um lugar comum onde o coletivo fosse capaz de contornar falhas ou dificuldades.
Rosário Costa, que também partilha o palco com Sara, o primeiro passo foi assumir como participante.
Para que "a pele do público reaja, há pele da Sara", explicou, para que o "pulsar do público reaja ao pulsar da música", é preciso que os atores sejam "os primeiros participantes".
O restante trabalho, diz Rodrigo Malvar, passou pela criação de uma empatia entre atores.
Inspirado numa conversa entre um barman e um cliente foi-se desenvolvendo novas intimidades e a confiança necessária para colocar em cena um espetáculo de co-criação.
A produção, que parte da exploração do ser humano com o espaço físico e virtual, a partir de abordagens multidisciplinares de nove criadores, entre músicos, compositores, interpretes e artistas visuais, sobe à cena sexta-feira pelas 21h00 e vai permanecer no Teatro Helena Sá e Costa até 01 de dezembro, com duas apresentações diárias, às 17h00 e às 21h00.
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