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Biografia de fadista Ercília Costa é apresentada na próxima semana

A fadista Ercília Costa, primeira portuguesa a atuar em Hollywood, foi "uma pioneira", disse Jorge Trigo, autor da biografia da cantora, que é apresentada terça-feira, em Lisboa.

Biografia de fadista Ercília Costa é apresentada na próxima semana
Notícias ao Minuto

09:21 - 24/11/13 por Lusa

Cultura Música

O investigador afirmou que Ercília Costa atuou em Hollywood em 1939, no mesmo ano da estreia de outra portuguesa, Carmen Miranda. "A fadista foi a primeira artista portuguesa a atuar em digressões sitemáticas ao estrangeiro, a primeira atuar na rádio e a gravar aquele que pode ser apontado como o primeiro videoclip", disse Trigo.

Ercília Costa fez sucesso nas décadas de 1930 e 1940, e foi apelidada pela imprensa como "a santa do fado". Além dos Estados Unidos, onde se deslocou várias vezes, atuou no Brasil em companhias de teatro portuguesas e, como vedeta, nas brasileiras. Ercília Costa cantou também no Uruguai, Argentina, Espanha e França, "sempre com grande êxito".

Outro sinal do pioneirismo da fadista, foi ter registado aquele que é apontado, pelo autor, como o primeiro antepassado dos atuais "videoclips".

"Foi em 1932 quando Ercília Costa surgiu no grande ecrã no filme 'Amor de Mãe', realizado por Carlos Ferreira, que era centrado na interpretação do fado homónimo, constituindo uma experiência curiosa, inédita em Portugal -- a interpretação em imagens cinematográficas de um trecho musical, muito similar aos atuais videoclips", afirmou Jorge Trigo.

A criadora do "Fado Lisboa" foi também a primeira fadista a atuar na rádio, designadamente no posto emissor CT1AA, cujos estúdios eram no edifício do atual centro comercial dos Armazéns do Chiado, em Lisboa.

Intitulado "Ercília Costa -- Sereia Peregrina do Fado", o livro é apresentado pelo locutor Nunes Forte, na próxima terça-feira, às 18:00, no Teatro Maria Vitória, em Lisboa.

Questionado pela escolha do título, o biógrafo afirmou que "Sereia Peregrina do Fado" era outra das formas como a imprensa se dirigia à fadista, além de "Santa do Fado" e também, menos usual, "Toutinegra do Fado".

Todavia, numa entrevista, Ercília Costa afirmou que agradecia "o carinho do público português e brasileiro, que a chamava de 'Santa do fado', mas queria doravante ser só e apenas fadista", cita Jorge Trigo.

"A primeira vez que Ercília se deslocou aos Estados Unidos foi a convite do embaixador de Portugal João Bianchi, para atuar na Exposição Universal de Nova Iorque, em 1939, quando foi a Hollywood, onde viu tudo - os estúdios e as residências de alguns artistas que lhe ofereceram lindas festas, como Leo Carrillo, e teve de cantar, surgindo logo a ideia de um filme em que entrasse o fado".

"Ainda estava por aproveitar o fado em filmes norte-americanos e alguns realizadores afirmaram a Ercília Costa ter este o seu lugar ao lado do tango e doutras canções já muito exploradas. Chegou a fazer amizade com Bing Crosby e Cary Grant, mas talvez tivesse de voltar a Hollywood, e não consta que o tenha feito, pelo menos para filmar", disse Trigo.

A carreira de Ercília Costa iniciou-se na década de 1920, tendo-se estreado no retiro de fados Ferro de Engomar, que este ano fechou portas no bairro lisboeta de Benfica.

Em 1954, colocou fim à carreira, retirando-se para a sua casa em Agualva, nos arredores de Sintra. "As apresentações que fez depois desta data são muito raras", disse Trigo.

Ercília Costa nasceu em agosto de 1902, na Costa de Caparica, em Almada. Batizada Ercília Botelho Farinha Salgueiro, tomou o apelido "Costa" numa referência às suas origens, "das quais se orgulhava".

Artisticamente começou como corista numa revista representada em Évora. A sua entrada em definitivo na vida artística ficou a dever-se ao ator Eugénio Salvador que, impressionado por a ouvir, a convidou para integrar o elenco da revista "O canto da cigarra" (1931). Foi o princípio "de um corrupio de presenças e atuações".

Na década de 1950 "participou nas Marchas Populares de Lisboa e no cinema, como actriz e fadista, no filme 'Madragoa' (1952) e, em 1972, gravou o seu último disco, intitulado 'Museu do Fado'".

Em 1985 morreu, na sua casa em Algés, nos arredores de Lisboa, com 83 anos.

Entre os seus êxitos, destacam-se ainda "Duas glórias", "Fado Lisboa" e o "Fado sem pernas".

Em junho de 2009, a discográfica Tradisom editou em CD algumas gravações feitas pela fadista em 1929 e 1930, entre as quais, uma registada em Espanha.

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