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'Metropolis' volta ao Teatro São Luiz com música de Filipe Raposo

Quase um século depois, o filme mudo 'Metropolis' (1927), de Fritz Lang, vai ser exibido este mês no Teatro Municipal São Luiz, em Lisboa, com interpretação ao vivo de uma nova banda sonora, do pianista Filipe Raposo.

'Metropolis' volta ao Teatro São Luiz com música de Filipe Raposo
Notícias ao Minuto

19:30 - 09/11/19 por Lusa

Cultura Cinema

A partir de um convite do teatro municipal - que exibiu este filme em 1928, também com música ao vivo -, Filipe Raposo compôs uma nova banda sonora que interpretará entre os dias 15 e 17, acompanhado da Orquestra Sinfónica Portuguesa.

Clássico da história do cinema, da ficção científica e do expressionismo alemão, 'Metropolis' é um filme distópico cuja ação decorre em 2027, ou seja, praticamente na atualidade, convocando temas e símbolos que se mantêm pertinentes, contou Filipe Raposo à agência Lusa.

"Ele fala sobre arquitetura, fala sobre as cidades e o futuro. Fala também sobre paixão e sedução, não só a paixão entre duas pessoas, mas também a sedução pelo poder e essa vontade de subjugar os outros através da força", enumerou o pianista.

Filipe Raposo, pianista residente da Cinemateca Portuguesa para exibição de filmes mudos, já tinha acompanhado 'Metropolis' noutras ocasiões, mas o convite do teatro municipal permitiu-lhe compor uma banda sonora de raiz.

"Na minha forma de compor estão sintetizadas muitas influências e uma delas é naturalmente o cinema. O cinema trouxe para a minha música uma forma de escutar, uma forma de criar, uma forma de equilibrar harmonias também. (...) O objetivo era que alguém, cem anos depois, conseguisse trazer para o filme também uma ideia desse futuro que o filme trata. (...) Era muito importante fazer essa contemporaneidade na composição", explicou o músico.

A versão que será exibida na próxima semana em Lisboa terá cerca de duas horas, para que coincida com a que passou em 1928 no então São Luiz Cine, nome pelo qual chegou a ser conhecido o teatro inaugurado em 1894, batizado 'Theatro D. Amélia', e que é hoje o Teatro Municipal São Luiz.

Isto porque 'Metropolis' teve várias versões. A versão original foi apresentada em janeiro de 1927 em Berlim e depois desapareceu. Na altura era a produção alemã mais cara de sempre e durava mais de três horas.

O filme não foi bem acolhido pela crítica nem pelo público e viria a ser reduzido e simplificado, acabando por ficar com pouco mais de duas horas de duração.

Em 2001, a fundação Friedrich Wilhelm Murnau fez um restauro deste clássico da ficção científica, graças a material encontrado em várias cinematecas europeias, chegando o filme aos 147 minutos.

E em 2008, a mesma fundação revelou que tinham sido encontrados fragmentos, com a duração de 25 minutos, nos arquivos de um museu de Buenos Aires numa colecão doada por um particular.

Esse fragmentos provinham de uma cópia levada para a Argentina em 1928 por Adolfo Z. Wilson, diretor de uma distribuidora argentina.

Uma remontagem do filme com esses fragmentos foi exibida em 2010 no festival de Berlim.

A banda sonora original de 'Metropolis' foi assinada por Gottfried Huppertz, e a influência artística e impacto cultural do filme revela-se também aqui. Ao longo das décadas seguintes, outros músicos e artistas compuseram músicas para a longa-metragem, de Giorgio Moroder a Jeff Mills.

"Acaba sempre por haver influências naturalmente quando escutamos outros autores, mas aqui o objetivo era mesmo que fosse uma coisa diferente do original. (...) A ideia é que fosse e trouxesse contemporaneidade dos nossos dias e a minha visão também daquilo que é o filme, daquilo que é a nossa própria existência", disse Filipe Raposo.

A par das três sessões programadas no São Luiz, Filipe Raposo apresentará, nos dias 15 e 16, um programa paralelo, vocacionado para famílias, intitulado 'Um piano afinado pelo cinema', no qual abordará a relação entre a música e o cinema mudo, com exibição de excertos de filmes de, entre outros, Buster Keaton e Charles Chaplin.

"É uma espécie de introdução à história do cinema e, ao mesmo tempo, também fazer com que os jovens, ou crianças, ou famílias que não conheçam, ganhem esse gosto e sejam convocados para descobrir aquilo que é que são os primórdios do cinema e a forma como esse cinema também acabou por se projetar no futuro", disse.

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