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Agualusa alerta no Folio para perigos da censura e revisionismo literário

O escritor José Eduardo Agualusa alertou hoje para os perigos do revisionismo literário e da censura sobre obras do passado que, se vistas apenas sob um olhar atual, podem levar à queima de todos os livros, incluindo a Bíblia.

Agualusa alerta no Folio para perigos da censura e revisionismo literário
Notícias ao Minuto

23:50 - 18/10/19 por Lusa

Cultura Agualusa

"Se formos olhar os livros pelo olhar do nosso tempo não se salva nenhum", afirmou hoje o escritor angolano José Eduardo Agualusa, alertando para o perigo de o revisionismo literário "abrir caminho à censura".

"Se a gente for por aí queima tudo, a Bíblia", disse Agualusa no Folio -Festival Literário Internacional de Óbidos, onde hoje esteve à conversa com Geovani Martins, numa mesa sobre o "Medo do presente".

Geovani, natural do Brasil, tem medo de "não ser um homem livre", num momento em que o seu país vive "um momento complicado no senado político".

Agualusa tem medo "da polícia do aeroporto" e, sobretudo, "do que acontece quando a estupidez ganha o poder".

À boleia dos medos de ambos, a conversa passou pela violência nos morros de São Paulo, pela guerra colonial, pelos muros propostos por Donald Trump (Presidente dos Estado Unidos da América) e, como a maioria das mesas do Folio, pelas críticas a Jair Bolsonaro (Presidente de Brasil).

Um tema em relação ao qual os sentimentos de Geovani Martins vão "variando entre o medo e a raiva", mas que perante o público do Folio os dois escritores agarram com humor.

Geovani Martins contou a história de uma crónica sobre um sofá "ruim" que demorou meses para deitar fora, apesar de a tarefa, quando pediu ajuda aos amigos, ter demorado "apenas 10 minutos".

"Se você chamasse o sofá de Bolsonaro tinha aparecido mais gente para ajudar a deitar fora", afirmou Agualusa ao brasileiro, que respondeu prontamente: "O sofá era ruim, mas não tanto".

Pela mesa em que ambos os escritores mostraram conhecer bem "o peso das palavras" passaram histórias de viagens, de aeroportos, de humores e culturas numa noite que acabou com cada a ler um conto de sua autoria.

O Folio - Festival Literário Internacional de Óbidos decorre na vila até domingo com mais de 210 iniciativas em 450 horas de programação, em torno da literatura.

Sob o tema 'O Tempo e o Medo' mais de meio milhar de convidados de quatro continentes participam em 16 mesas de escritores, 12 exposições e 13 concertos que integram a programação organizada em cinco capítulos: Autores, Folia, Educa, Ilustra e Folio Mais.

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