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Teatro da Rainha fecha temporada com 'O Pedido de Emprego'

O Teatro da Rainha vai encerrar a temporada de 2019 com a apresentação de 'O Pedido de Emprego', de Michel Vinaver, que sobe ao palco em novembro, na sala estúdio da companhia das Caldas da Rainha.

Teatro da Rainha fecha temporada com 'O Pedido de Emprego'
Notícias ao Minuto

15:07 - 18/10/19 por Lusa

Cultura Michel Vinaver

A vontade de o Teatro da Rainha fazer uma peça de Michel Vinaver, segundo Fernando Mora Ramos, "era de há muito", e levou o encenador a convidar António Parra para dirigir 'O Pedido de Emprego'.

O convite surgiu, explicou Mora Ramos numa nota de imprensa da companhia, "no momento em que é intenção do Teatro da Rainha integrar jovens encenadores, atores, dramaturgos que possam dar continuidade ao seu trabalho, segundo os critérios estéticos e artísticos que se encontram plasmados num reportório de 35 anos".

Dos clássicos aos contemporâneos, passando pela experimentação, a companhia já levou a palco peças de todos os géneros, e fecha agora o ano com esta obra de Michel Vinaver, com estreia marcada para o dia 7 de novembro, que ficará em cena nas Caldas da Rainha até ao dia 27.

O texto é sobre um desempregado, "naquela idade em que parece não haver futuro, havendo competência e sabedorias profissionais", lê-se na sinopse divulgada pela companhia.

À procura de trabalho, o homem é submetido a uma entrevista de avaliação de capacidades que, segundo Mora Ramos, "se revela um verdadeiro diagnóstico do sistema (em que o desempregado é a figura da vítima), dos modos de exclusão da engrenagem das empresas quando as pessoas chegam aos 'entas'".

"Sai mais barato encher as empresas de estagiários inexperientes, com salários próximos do mínimo, e promover capatazes e 'controlers' que façam obedecer os outros em contextos tão operacionais que por essa razão são, em si, antidemocráticos", acrescenta Fernando Mora Ramos.

Por isso, na peça, as empresas sujem como "lugares de horror" onde o trabalho é exercido segundo "regras de marketing comunicacional que obrigam as pessoas a ser peças de uma engrenagem burra, de sedução tacanha" e os clientes surgem como "entidades financeiro-contabilísticas, pessoas-cartão-de-crédito, criaturas de lucro, com pernas, mas não seres físicos e mentais, afetivos".

Quanto ao desempregado de meia idade, que protagoniza 'O Pedido de Emprego', "já não sairá do seu inferno" e a "sensação de inutilidade abater-se-á sobre ele como drama diário, e estender-se-á a toda a família como uma metástase de mal-estar", quando "o futuro da filha também está comprometido" e a "pobreza absoluta espreita".

Na conversa com o recrutador empresarial, "o que parece ser objetivo no inquérito é claramente a cartilha inquisitorial dos novos tempos de pertença a um mundo que nos expele logo que pode, máquina de produção de lucros para meia dúzia de acionistas anónimos ou capitalistas famosos", escreve Mora Ramos no texto que acompanha a apresentação peça, concluindo que "nunca a lógica distributiva foi tão inigualitária, nunca a riqueza - de todos - esteve tão concentrada" em tão poucos.

Com tradução de Luís Varela, encenação de António Parra e cenografia de Ana Gormicho, 'O Pedido de Emprego' conta com a interpretação de Inês Fouto, Mafalda Taveira, José Carlos Faria e Nuno Machado.

A peça pode ser vista a partir de 7 de novembro, de quarta a sábado às 21:30.

Durante a semana estão também previstas sessões para escolas.

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