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Livro sobre 'Grândola Vila Morena' anima noite em Ivry-sur-Seine

Livro de Jean Lemaitre e Mercedes Guerreiro que conta a história da célebre música de Zeca Afonso foi reeditado há poucas semanas em França e está ser apresentado em várias livrarias perto de Paris.

Livro sobre 'Grândola Vila Morena' anima noite em Ivry-sur-Seine
Notícias ao Minuto

06:33 - 21/09/19 por Lusa

Cultura Grândola Vila Morena

"Eu conheço a canção de Zeca Afonso desde 1974, porque ele deu concertos na Bélgica, onde eu vivia. Sabia que era a música do 25 de Abril, mas não compreendia as palavras. No entanto, a música é tão impressionante que não precisava de uma tradução para ficar tocado pela canção", disse Jean Lemaitre, jornalista e um dos autores do livro, em declarações à Agência Lusa durante a apresentação do livro em Ivry-sur-Seine.

Cerca de 30 pessoas reuniram-se na sexta-feira, na livraria Envie de Lire, em Ivry-sur-Seine, nos arredores de Paris, para a apresentação do livro "Grandola Vila Morena", reeditado pela editora francesa Otium no final de agosto, depois de ter saído pela primeira vez em português e francês em 2014.

"Grandola Vila Morena" é um livro de investigação onde os autores procuraram saber mais sobre a utilização de Grandola Vila Morena como sinal para a revolução em 1974 e como Zeca Afonso foi construindo a canção, desde o poema até à música.

Nesta apresentação, Vitor Pereira, professor da Universidade Pau e especialista na imigração portuguesa em França, lembrou que a música que marcou a Revolução dos Cravos foi originalmente gravada em França.

"Esta música é gravada em França porque nos anos 60 e 70 havia aqui uma cultura e um ambiente político efervescente. Em França, havia muitos músicos nessa altura que viriam a participar na renovação da música portuguesa, especialmente na música de intervenção, como José Maria Branco e Sérgio Godinho e também poetas, como Manuel Alegre, que passa primeiro por Paris e depois exila-se em Argel", explicou o académico.

Esta efervescência entre a imigração portuguesa era apoiada sobretudo por algumas associações implementadas em França. "A atmosfera criada à volta do maio de 68 foi um grande movimento associativo e uma fraternidade que se vivia em tudo. O movimento português, ou os portugueses envolvidos nas associações, explodiram depois de maio de 68, com a criação de associações, muitas delas, anti-fascistas", indicou José Barros, dirigente associativo e que viveu essa época já em França.

Mais do que uma música que marcou o 25 de abril, o autor Jean Lemaitre considera que Grandola Vila Morena se tornou também um símbolo da solidariedade internacional, sendo usada em manifestações em todo o mundo.

"O que sinto nesta música é que se tornou um hino internacional e não apenas portuguesa e eu acredito na necessidade da solidariedade internacional", revelou o autor do livro, que é casado com uma portuguesa e vive entre a Bélgica e o Alentejo.

Para recordar Zeca Afonso, o músico Sou Alam interpretou ainda algumas das suas principais canções como "Vampiros" ou "Venham mais cinco", fechando a noite com "Grandola Vila Morena".

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