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Grupo Leya publica obra premiada de escritor curdo detido pela Austrália

O livro "Sozinho nas Montanhas", do jornalista curdo-iraniano Behrouz Boochani, detido há seis anos pela Austrália, vai ser publicado em Portugal, em setembro, pelo Grupo Leya, disse hoje à Lusa fonte deste grupo editorial.

Grupo Leya publica obra premiada de escritor curdo detido pela Austrália
Notícias ao Minuto

14:48 - 13/08/19 por Lusa

Cultura Literatura

'Sozinho nas Montanhas', que chega às livrarias portuguesas no dia 24 de setembro com a chancela da Casa das Letras, do Grupo Leya, foi distinguido na segunda-feira com o National Biography, um dos mais importantes prémios literários australianos, depois de, em fevereiro, o escritor ter recebido, pela mesma obra, o Prémio Literário Victoria Premier da Austrália, atribuído por The Weeler Centre, na categoria de não-ficção.

Com o título original 'No Friend But the Mountains: Writing from Manus Prison' ('Sem amigos, apenas as montanhas: Escrevendo a partir da prisão de Manus', em tradução livre), a obra retrata a experiência do jornalista, escritor e ativista dos direitos humanos no centro de detenção que a Austrália tem em Manus, ao norte de Papua Nova Guiné, onde o escritor aguarda ser recebido por um país.

O livro foi escrito com recurso a um telemóvel, durante cinco anos, através de milhares de mensagens em farsi, enviadas por Whatsapp, e foi considerado "profundamente importante, (...) um testemunho, (...) uma demonstração do poder salvador da escrita, como um ato de resistência", pelo júri da Biblioteca Estatal de Nova Gales do Sul, que atribuiu o prémio National Biography ao escritor.

Natural de Ilam, no Irão, Behrouz Boochani foi preso em 2013 quando tentava chegar à Austrália, para pedir asilo político.

A viagem de barco entre a Indonésia e aquele país "não correu como planeado e foi detido por tentar entrar sem visto", aguardando resposta, há seis anos, "juntamente com outros 600 refugiados", informa o Grupo Leya.

Segundo os seus editores, Boochani foi enviado inicialmente para um centro de reclusão, onde passou cinco anos, mas passou depois para "um alojamento alternativo, na ilha", onde se mantém detido.

O principal objetivo de "Sozinho nas Montanhas" é que "o resto do mundo saiba o que se passa nas ilhas de Manus e Nauru, 'um sistema que tortura pessoas inocentes'", lê-se na apresentação da obra.

Esta "é a voz de uma testemunha, um ato de sobrevivência, um relato lírico na primeira pessoa, um grito de resistência, um retrato vívido de cinco anos de exílio e encarceramento", prossegue o texto de apresentação.

"Não quero falar de literatura, só quero dizer que penso na comunidade literária como parte da sociedade civil da Austrália. É parte da nossa resistência contra o sistema, e creio que é muito valiosa", disse o escritor, numa mensagem reproduzida pela organização do prémio National Biography.

O grupo editorial português disse à Lusa ter ficado feliz pelo novo prémio atribuído à obra, que conta uma importante história da atualidade.

O centro de detenção de Manus encerrou em 2017, mas Boochani faz parte de um grupo de 600 pessoas que permanecem na ilha em campos de refugiados sem poder ir à Austrália, que se recusa a acolher as pessoas que tentam entrar no país por via marítima.

Em 2012, a Austrália retomou a sua política de detenção dos "indocumentados" noutros países, em condições que têm sido denunciadas por organismos internacionais, entre os quais a Organização das Nações Unidas.

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