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'Ermelinda do Rio' reflete as cheias de 1967 e a dimensão da tragédia

As cheias do Tejo de 26 de novembro de 1967 levaram João Monge a escrever 'Ermelinda do Rio', peça que chega hoje ao Teatro do Bairro, em Lisboa, com encenação e interpretação de Maria João Luís.

'Ermelinda do Rio' reflete as cheias de 1967 e a dimensão da tragédia
Notícias ao Minuto

06:40 - 25/06/19 por Lusa

Cultura Teatro

Apresentada como "noturno para voz e concertina", 'Ermelinda do Rio' é "um poema narrativo" que se confronta com a dimensão da tragédia, através dos olhos de uma menina e de sua mãe, que sobrevivem, impotentes, ao desaparecimento da família e de amigos.

A realidade foi vivida pela atriz Maria João Luís, que tinha 4 anos à data da catástrofe, quando morava, com a mãe e o irmão, numa zona alta de Alhandra, o que determinou a sua sobrevivência.

Ao fim de 50 anos, 45 após a queda da ditadura que tudo fez para ocultar os factos da época, prevalece porém "uma história mal contada da maior catástrofe natural [em Portugal], desde o terramoto de 1755", escreve a apresentação da peça.

Relatos recuperados em 2017, quando passaram 50 anos sobre a tragédia, falavam em mais de 500 mortos, numa só noite, número que terá subido a mais de 700, ao fim de três dias, na Grande Lisboa, onde mais de 20 mil casas foram destruídas.

Os registos existentes demonstram que, em poucas horas, na noite de 25 para 26 de novembro, choveu no vale do Tejo o que deveria ter chovido num ano. As ruas transformaram-se em rios, as casas inundaram-se, algumas desmoronaram outras foram arrastadas, os meios de transporte pararam e não havia comunicações, escreveu a imprensa da época.

Lisboa, Olival Basto, Pontinha, Odivelas, Barcarena, Colares, Alverca, Alhandra, Alenquer e Queluz foram as regiões mais afetadas, mas foi na localidade de Quintas, no concelho de Vila Franca de Xira, que a tragédia teve uma dimensão mais devastadora, com a morte de mais de um terço da sua população.

A ditadura impôs o silêncio sobre a tragédia, quando o número de mortos utrapassou os 460. No início de 1968, porém, de acordo com relatos da época, recolhidos por estudantes no terreno, ainda apareciam corpos soterrados pela lama e pelos escombros de edifícios, destruídos pelas águas.

Foi "a noite do fim do mundo" que hoje 'Ermelinda do Rio' enfrenta.

A peça é uma produção do Teatro da Terra, em colaboração com a Ar de Filmes. Tem música original, ao vivo, de José Peixoto, interpretada por Miguel Leiria Pereira, Sofia Pires e Sofia Queiroz Orê-Ibir. A cenografia é de José Carretas, com desenho de luz de Pedro Domingos. A fotografia de cena é de Vitorino Coragem.

'Ermelinda do Rio' fica em cena em Lisboa até ao próximo domingo, dia 30, depois de ter sido apresentada em Ponte de Sor, no início do mês, e no Alter Cultur Fest, de Alter do Chão.

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