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Mai Kino é uma 'alien' portuguesa e tem música nova em 2019

A portuguesa Mai Kino, que escreve, compõe e produz as suas músicas em Londres, disse à Lusa que sempre se sentiu "uma 'alien'", algo refletido na música nova que será lançada este ano.

Mai Kino é uma 'alien' portuguesa e tem música nova em 2019
Notícias ao Minuto

17:00 - 06/06/19 por Lusa

Cultura Primavera Sound

A artista protagonizará o segundo concerto da oitava edição do NOS Primavera Sound - que arranca hoje com Dino D'Santiago, às 17:00 -, com uma atuação marcada para as 19:15, após o cancelamento da londrina Ama Lou, e conta à Lusa que depois fica livre para "poder ir ver concertos, como de James Blake, Rosalía ou Nilufer Yanya".

Mai Kino faz parte de um contingente português no evento que inclui os 'rappers' Allen Halloween ou ProfJam, a 'veterana' Lena D'Água e Dino D'Santiago, mas ainda não lançou um álbum de estreia, antes vários 'singles' e um EP, "The Waves", já de 2016.

Ainda este ano, sairá um novo EP, que até pode transformar-se num longa duração porque ainda não parou "de escrever e estar na guitarra e no piano", mas não há "planos nem estratégias" para a divulgação de músicas.

Há, isso sim, a vontade de fugir "à pressão da indústria musical de estar sempre a lançar coisas novas", e antes "ir contra a corrente e esculpir uma música até ser a altura certa", numa ideia "a longo prazo" que se reflete também no trabalho que tem em cada faixa, da letra à composição, instrumentalização, voz e até produção.

As suas referências vão de Billie Holiday a Nirvana ou à bossa nova, do minimalismo e eletrónica ao 'trip hop' de Portishead, e há uma "sinestesia" na forma de trabalhar em composição, como "se estivesse a esculpir uma escultura" e a misturar referências nas várias etapas de um processo "entusiasmante e desafiante".

Não se sente "especificamente portuguesa ou inglesa", porque tem "tanto em comum com pessoas de tantos sítios", e nunca quis "prender a identidade" a nenhum conceito, nem sequer ao género, mas apenas "uma pessoa com pensamentos e sentimentos que está a fazer música".

"Escrevo do ponto de vista humano, mas eu sou uma mulher, aí não há dúvidas, e isso transparece. Posso não ter uma ideia propositadamente feminista, mas sou uma mulher em 2019 a escrever, compor, cantar, produzir, a ter controlo criativo sobre as minhas coisas e a viajar. Isso em si é feminista", reflete.

A escrita de canções vem de "um reflexo da realidade" que vive. "Da minha vida, da minha experiência. Eu sempre me senti um bocadinho um 'alien'. Como se vivesse numa bolha no meio do resto do mundo", explica.

De certa forma, acrescenta, é como "se estivesse a ver um filme", ou "numa nuvem a olhar para baixo", o que lhe permitiu desenvolver "um mundo interior mais profundo e complexo" de onde surgem as letras.

O novo 'single', que será lançado "muito em breve - só falta terminar o vídeo -" aborda precisamente a sensação de "se estar desconectado do que está em redor, estar sozinho no meio de outras pessoas".

Uma das menções mais constantes de Catarina, a pessoa por detrás de Mai Kino, e tudo o que quer que se saiba fora do 'alter ego' musical, é ao papel do sonho e do subconsciente no processo de escrita.

"Nunca escrevo com uma intenção intelectual, é instintivo. (...). Este próximo 'single', por exemplo, escrevi-o numa altura de bloqueio criativo, não conseguia deitar ideias cá para fora, e foi o meu subconsciente a ajudar, veio-me a melodia toda à cabeça às 03:00, gravei logo o piano e a voz no telemóvel, e esse 'sample' surge na versão final, porque é uma coisa intimista", narra.

A vontade de aproximar a música de si mesma leva-a a "misturar elementos orgânicos e digitais", o piano com "as paisagens sonoras eletrónicas" que tem vindo a explorar e até gravações no terreno.

"Em Londres, fui a um armazém e adoro fazer esse trabalho. Gravei lá sons como os de correntes de bicicleta a batear e a ecoar naqueles tetos gigantes. Este tipo de trabalho torna as batidas muito pessoais e especiais, com elementos crus e orgânicos, agressivos, industriais. A minha voz, também, serve não só para cantar mas também como instrumento, criando várias camadas de voz", assevera.

O convite para o Primavera Sound foi recebido "a caminhar em Londres". "Fez-me a semana", explica a jovem, que nunca esteve entre o público, e agora se estreia logo em cima do palco e cujo último lançamento foi o 'single' 'Young Love', no final de 2018.

"Acho que é exatamente o tipo de festival em que me insiro. Programa muitos músicos experimentais e a música do momento, nessa onda mais fora da caixa. Não é um festival de pop, é mais alternativo e dentro do meu género", refere.

A oitava edição do NOS Primavera Sound arranca hoje, no Parque da Cidade do Porto, com os cabeças de cartaz Solange, Danny Brown e Stereolab, e conta com outros nomes, como J Balvin, Interpol, James Blake ou Courtney Barnett na sexta-feira, Erykah Badu, Jorge Ben Jor ou Rosalía no sábado.

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