Exposição mostra arquitetura por detrás da mudança da Biblioteca Nacional
A Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, inaugura, na terça-feira, uma exposição que mostra os processos arquitetónicos por detrás da mudança do edifício da biblioteca do Convento de São Francisco para o Campo Grande, onde faz 50 anos.
© Biblioteca Nacional de Portugal
Cultura Iniciativa
A exposição 'Do Convento ao Campo Grande' é comissariada pelos arquitetos João Pardal Monteiro e João Paulo Martins, e pretende assinalar a mudança da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) do Convento de S. Francisco para o novo edifício do Campo Grande, em 1969, reconstituindo o contraste de ambientes através de peças originais, algumas mostradas ao público pela primeira vez, anunciou hoje a BNP.
A exposição vai incidir principalmente nos processos de arquitetura de interiores e mobiliário, através de desenhos de projeto, fotografias, relatos do então diretor da Biblioteca documentando os trabalhos, entre outros materiais.
Através desta mostra, pretende-se dar a conhecer ao público como foram pensados e construídos os interiores e equipamentos do novo edifício da biblioteca.
"Cada função, cada utilizador, cada ocasião - sala a sala, móvel a móvel -- denotam a preocupação de criar condições adequadas para o trabalho, de materializar um sentido de rigor e de ordem", explicam os comissários.
Os responsáveis pela organização da mostra sublinham mesmo que, enquanto investigadores, foram surpreendidos pelas peças que encontraram e pelo cuidado que estas evidenciam "na conciliação do rigor, funcionalidade e estética".
Inicialmente instalada no Terreiro do Paço, mas sem condições para receber as livrarias dos conventos extintos em 1834, a biblioteca foi transferida, três anos depois, para o antigo Convento de São Francisco, no Chiado.
No entanto, a desadequação destas instalações cedo deu lugar à exigência de um novo edifício, manifestada por sucessivas direções da biblioteca, desde meados do século XIX.
Esta medida só viria a ser concretizada a partir dos anos 1950, designadamente em 1952, sob a direção de Manuel Santos Estevens (1913-2001), quando se deu início ao processo, que foi documentado ao pormenor pelo diretor da altura.
Para o projeto de arquitetura foi contratado o arquiteto Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), cujo trabalho foi continuado por António Pardal Monteiro (1928-2011), envolvendo uma equipa multidisciplinar de jovens projetistas para as infraestruturas técnicas, paisagismo, interiores e mobiliário.
O arquiteto José Luís Amorim (1924-1999) ficou encarregado do projeto dos depósitos e das salas de trabalho dos serviços e o designer Daciano da Costa (1930-2005) encarregou-se da arquitetura de interiores e mobiliário das salas da direção e dos principais espaços de público (catálogo, leitura geral, restaurante, auditório).
O desenho de algumas peças complementares ficou a cargo do arquiteto Manuel João Leal (1925-2017), tendo o mobiliário sido construído por empresas como a Olaio, Altamira e Fábrica Osório de Castro.
Em 50 anos de vida, o esforço para ir adaptando o edifício à evolução dos tempos tem sido incessante, refere a biblioteca, especificando que a primeira grande obra de remodelação, o prolongamento da Torre de Depósitos e a construção de uma casa-forte, concretizou-se entre 2008 e 2012.
A exposição resulta de uma parceria entre a BNP e o Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa.
A mostra 'Do Convento ao Campo Grande' vai estar patente até 04 de outubro, podendo ser visitada gratuitamente, de segunda a sexta-feira, das 09h30 às 19h30, e ao sábado, das 09h30 às 17h30.
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