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Compositor de jazz André Carvalho lança álbum inspirado em Bosch

O compositor e músico jazz André Carvalho lança em maio o álbum 'The Garden of Earthly Delights', cuja inspiração partiu do quadro com o mesmo nome do pintor holandês Hieronymus Bosch (1450-1516).

Compositor de jazz André Carvalho lança álbum inspirado em Bosch
Notícias ao Minuto

09:48 - 15/04/19 por Lusa

Cultura Música

Residente em Nova Iorque, André Carvalho prepara-se para lançar, em 17 de maio, o terceiro disco como líder, pela Outside In Music, depois de 'Hajime' e 'Memória de Amiba', e 'O Jardim das Delícias Terrenas', o mais famoso quadro do mestre holandês, acabou por inspirar todo o processo criativo.

"Tinha já há muito tempo a intenção de escrever uma peça mais longa, que durasse um álbum e não só temas separados, com consistência e um conceito que ligasse as várias partes da peça. [...] O quadro de Bosch veio um bocado por acaso. Já conhecia o trabalho dele e sempre apreciei muito", começa por contar à Lusa o compositor natural de Lisboa.

Ao rever os trabalhos do pintor, o 'Jardim' "despertou algo especial" e deixou o músico com vontade "de contar o muito que há para contar, pelos imensos detalhes e simbolismo" que encerra.

"O quadro em si conta uma história, num tríptico, em que a parte mais 'fechada' representa a criação do mundo. Quando aberto, e não se sabe porque não há relatos do que Bosch pensava, a maioria das pessoas pensa que há um fio condutor, ao olhar da esquerda para a direita. Essa narrativa despertou-me muito interesse", explica.

Entre as outras inspirações do quadro, das "cores e temática" a um planeamento que levou André Carvalho a uma peça em vários andamentos, cada um representando "determinadas partes do quadro" e interligados "em melodia, harmonia, ritmo e texturas", a peça foi surgindo sem pensar no género, ainda que ande "no campo do jazz", com influências "da música contemporânea, improvisada e do rock".

Os detalhes, o simbolismo de certas figuras ou partes do quadro e esta "componente bastante visual" marcaram o "trabalho de microscópio" na criação da peça, também ela influenciada a nível musical pela cidade de Nova Iorque.

Este é o primeiro registo de estúdio em nome próprio desde 2013, e o primeiro desde que se mudou para os Estados Unidos em 2014, e viver numa "cidade muito diferente, cheia de músicos e de correntes diferentes" marcou o músico, inicialmente no país para fazer um mestrado.

"Até agora, o balanço é extremamente positivo. Estabeleci imensos contactos, fiz imensas amizades musicais e na vida, absorvi um pouco desta herança cultural que a cidade tem para oferecer. A cidade respira este mundo de artes, e isso acaba por me estimular e incentivar a continuar a escrever e a tocar", confessa.

Além de tocar com "músicos de referência a nível mundial", a multiculturalidade e a família, por ser casado e ter uma filha com 11 meses, são outros fatores para se manter em Nova Iorque, mesmo querendo ter "sempre um pé em cada um dos países", com viagens regulares a Portugal.

Entre os concertos de apresentação do disco já marcados nos Estados Unidos, destaque para a passagem pelo nova-iorquino Blue Note, a 30 de junho, sendo o grupo escolhido pelo consulado português para representar Portugal no European Sounds Festival.

Em solo português, há atuações no Hot Clube de Portugal, em Lisboa, de 01 a 03 de agosto, seguindo-se o lisboeta OutJazz, mas também no Quebra-Jazz, em Coimbra, a 23 e 24 de agosto, na Universidade do Minho, a 05 de setembro, e no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa, no dia seguinte.

O contrabaixista e compositor recebeu o Prémio Carlos Paredes em 2012 e tem tocado, ao longo dos anos, com vários grupos e músicos, da Orquestra Ibero-Ameriana à Anton Webern Orchestra, além de nomes como Chris Cheek, Maria João, Mário Laginha ou Carlos do Carmo, entre o jazz, a música clássica e o fado.

Completou o mestrado em jazz na Manhattan School of Music, onde esteve como bolseiro, e tem participado também em vários projetos como músicos convidado ou 'sideman', em mais de uma dezena de países.

O novo disco foi gravado em Brooklyn, em 2018, e misturado pelo produtor Pete Rende, tendo como músicos, além de Carvalho, o guitarrista português André Matos, o saxofonista israelita Eitan Gofman, o trompetista sueco Oskar Stenmark e o baterista chileno Rodrigo Recabarren.

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