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Caminhada do Teatro do Silêncio para "ligar o corpo ao território"

O Teatro do Silêncio realiza, domingo, uma caminhada para "Unir Territórios" na Serra de Santo António, Alcanena, num projeto desenvolvido com a Sociedade Portuguesa de Botânica que convida a "ligar o corpo ao território e ativar os sentidos".

Caminhada do Teatro do Silêncio para "ligar o corpo ao território"
Notícias ao Minuto

10:15 - 10/04/19 por Lusa

Cultura Alcanena

Maria Gil, diretora artística do projeto, disse à Lusa que a iniciativa, realizada no âmbito da parceria do Teatro do Silêncio com a associação Materiais Diversos nos concelhos (Alcanena e Cartaxo) onde esta promove o FMD (Festival Materiais Diversos), se insere na ideia de "ecologia política", aliando práticas ecológicas -- no caso a identificação de espécies, algumas exclusivas deste território e em risco de desaparecimento -, a práticas artísticas e meditativas.

Neste projeto, a caminhada não é um exercício físico nem visa explorar zonas inacessíveis do país, salientou.

"A ideia é mesmo construir uma ideia de comunidade temporária, que é um conceito de que gostamos muito. O público não é alguém que está fora de nós", afirmou.

Maria Gil, que vem da área do teatro, da encenação, da dramaturgia, da performance, com um percurso de trabalho experimental e de investigação, fez-se acompanhar neste projeto pelo "viajante" Carlos Carneiro, guia em Marrocos e autor de "Até onde vais com 1000 euros?" (uma travessia de Lisboa até Dacar de bicicleta) e "Nunca é tarde" (uma viagem de pai e filho à volta de África), e dos biólogos Ana Francisco e Marco Jacinto, da Sociedade Portuguesa de Botânica (SPB), que vão mostrar as plantas da Serra de Santo António que estão na Lista Vermelha da Flora Vascular de Portugal Continental.

Com uma extensão de 18 quilómetros, e partida do planalto da serra, acompanhando os cursos de água do maciço calcário estremenho até à nascente do rio Alviela, em pleno Parque Natural das Serras d'Aire e Candeeiros (PNSAC), a caminhada terá uma outra edição, a 04 e 05 de maio, com pernoita no albergue do Centro Cultural e Recreativo do Covão do Feto, um dos parceiros locais.

Nesta segunda caminhada, Maria Gil será substituída pelo artista plástico António Poppe, também poeta e 'perfomer', que vai fazer práticas de meditação ao nascer e pôr do sol.

Maria Gil salientou a relação que se estabelece com as pessoas -- residentes no território, mas também artistas e botânicos -, dando o exemplo da d. Graciete, que apanha plantas na serra para uma fábrica de produtos medicinais e que será uma das participantes.

A caminhada é feita com a partilha de exercícios, alguns inspirados em práticas milenares como o Chi Kung, de convite à "quietude", à meditação, à regulação de energia, à perceção de que o ser humano é parte da natureza que o rodeia.

Por isso, as plantas vão poder ser vistas à lupa, destacando Maria Gil a importância do projeto da SPB, que "mapeia todas as plantas que estão em risco de extinção em Portugal continental", fazendo com que o país deixasse de ser um dos três na Europa sem lista vermelha da flora.

Os participantes vão ainda poder levar consigo postais desenhados pela pintora Bárbara Assis Pacheco, com as flores da serra, para que, quem quiser voltar, possa reconhecer as que estão em risco de extinção e requerem cuidados.

Criado em 2004, o Teatro do Silêncio, com sede em Carnide (Lisboa), começou por fazer caminhadas mensais na sua freguesia, tendo em 2017, no âmbito da Capital Ibero-americana da Cultura, realizado uma "caminhada pela fronteira da cidade".

Iniciando nesse ano a parceria com a Materiais Diversos, com uma caminhada no polje de Minde, na fronteira entre os distritos de Santarém e de Leiria, o projeto evoluiu, passando das fronteiras para a vontade de "unir os territórios" onde decorre o FMD.

Em 2018, o Cartaxo, com a colaboração da EcoCartaxo e da Palhota Viva, acolheu duas caminhadas, uma na zona do bairro e outra na da lezíria.

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