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Novo livro de Fernando Rosas alerta para perigos de um novo fascismo

O historiador Fernando Rosas na sua mais recente obra intitulada "Salazar e os Fascismos" considera que atualmente ocorrem as pré-condições que originaram os movimentos fascistas do século XX.

Novo livro de Fernando Rosas alerta para perigos de um novo fascismo
Notícias ao Minuto

12:03 - 09/04/19 por Lusa

Cultura Historiador

"Eu abordo isso no livro: a História nunca se repete porque as circunstâncias variam, mas as pré-condições que originaram os movimentos fascistas no século XX e as circunstâncias do mundo atual têm indiscutíveis paralelos com o passado", afirmou à agência Lusa Fernando Rosas.

Para o historiador, existe uma crise sistémica como pano de fundo e que a "poderosa derrota internacional do marxismo com o afundamento da União Soviética" (1989) provocou uma crise do próprio pensamento marxista.

Para Fernando Rosas, a "rendição" dos partidos social-democratas ao neoliberalismo é uma situação paralela "indiscutível" e que origina regimes de autoritarismo de "novo tipo".

Este "novo tipo" de autoritarismo está presente, por exemplo, na Hungria e levanta novos receios sobre o que pode acontecer em países como Itália, Polónia e Brasil onde, afirma o historiador, um presidente protofascista está no poder.

"Há de facto circunstâncias históricas com paralelismos impressionantes com o passado. Não é o fascismo igual ao outro que aí vem, mas são novas formas de autoritarismo adaptadas ao momento presente sustentadas num novo populismo de extrema-direita e isso está aí com toda a força", alertou o historiador com várias obras publicadas sobre o século XX e a ditadura portuguesa de António Oliveira Salazar.

Para Fernando Rosas, a base social do populismo de extrema direita "cavalga" o descontentamento que existe entre os desempregados e aqueles que sofreram grandes abalos devido aos efeitos das políticas neoliberais que pode atingir também a sociedade portuguesa.

"Aqui em Portugal falta saber quem é que representa esse descontentamento. Se é a esquerda que é capaz de dar a voz ao descontentamento no quadro da democracia ou partidos que à semelhança do que se passou nos anos 1930 vêm convocar esse descontentamento para fins de subversão da própria democracia: com demagogia populista, com a falsificação da realidade, com a modelização dos instintos primitivos das massas", considerou acrescentando que a extrema-direita se aproveita também do enfraquecimento dos partidos de esquerda.

"A capitulação dos partidos socialistas e social-democratas por essa Europa fora que, aliás, originou o quase desaparecimento dos partidos socialistas em vários países deixou muita gente sem defesa, sem expressão, sem voz e são esses que estão a ser mobilizados pelo populismo de extrema-direita", disse Fernando Rosas.

No livro 'Salazar e os Fascismos' o historiador estabelece a relação entre os acontecimentos que originaram os regimes ditatoriais surgidos depois da Grande Guerra (1914-1918) e que acabaram por se impor nos anos 1930.

"Os fascismos têm várias modalidades. Eu defendo no livro que o regime enquanto regime -- não o fascismo enquanto movimento anterior à tomada do poder - é sempre um encontro de duas realidades: o fascismo 'plebeu' e popular e o fascismo que resulta da fascistização das direitas tradicionais. Este encontro é o regime fascista enquanto realização histórica. Em Portugal também", explicou.

O livro 'Salazar e os Fascismos' de Fernando Rosas (Tinta da China, 305 páginas) vai ser apresentado no próximo dia 22 de abril, em Lisboa.

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