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A guerra colonial contada às crianças espanholas por Catarina Gomes

A escritora e jornalista Catarina Gomes acaba de publicar em Espanha uma adaptação para crianças dos seus dois livros sobre a guerra colonial, numa edição ilustrada por Catarina Sobral, que fala desse tema tão universal que é o "pai".

A guerra colonial contada às crianças espanholas por Catarina Gomes
Notícias ao Minuto

17:12 - 19/02/19 por Lusa

Cultura Livros

A publicação é feita na !La Leche!, uma revista infantil ilustrada de jornalismo para crianças, trimestral, que trata assuntos de atualidade como ciência, música, livros, cinema e arte.

Tudo começou por contacto direto de um "desconhecido" que lhe escreveu em espanhol, elogiando os seus livros, e acabou com a sua adaptação ao público infantil, numa revista cultural para crianças, que pretende dar a conhecer aos mais jovens, em linguagem acessível, temas variados de importância internacional, conta a própria na sua página do Facebook.

"O que tenho eu a dizer a meninos espanhóis?", começa por questionar Catarina Gomes, que de seguida relata como um desconhecido lhe escreveu em espanhol, para lhe dizer que acabara de ler "Furriel não é nome de pai" e que ficara "francamente comovido", preparando-se então para ler "Pai, tiveste medo?".

Daí para a publicação de uma versão infantil espanhola, foi um passo.

"Gustavo Puerta Leisse, editor da primorosa revista espanhola de jornalismo cultural para crianças chamada !La Leche! - expressão que, explicou-me, quer dizer algo como 'bué da fixe' - achou que, partindo dos meus dois livros, eu poderia ter algo para contar aos seus leitores, meninos dos 8 aos 12 anos, espanhóis", conta.

No início, Catarina Gomes confessa ter achado estranho, pois não via como podia interessar a este público e não via como conseguiria transformar um assunto tão adulto, a guerra, em artigo para crianças.

"E depois pensei que podia falar-lhes do meu pai, um tema tão universal", acrescenta.

A adaptação dos dois livros a uma versão infantil é ilustrada por Catarina Sobral, que desenhou o pai de Catarina "com o belo bigode que ele deixou crescer depois de ter estado nesse sítio estranho", relata a autora.

Na opinião de Catarina Gomes, a !La Leche! é um "voto de confiança" no gosto de crianças que se preparam para entrar na adolescência.

"Fala-lhes, em suporte papel, em linguagem bela e acessível, com ilustrações maravilhosas, de assuntos tão diversos que vão desde o processo de paz na Colômbia, à relação entre arquitetura e política na Coreia do Norte, a assuntos tão remotos como a Guerra Colonial portuguesa. Parte do pressuposto que são curiosos e que têm bom gosto", considera.

Em 2014, Catarina Gomes publicou, pela Matéria Prima, o livro 'Pai, tiveste medo?', no qual relata 12 histórias de vida, depoimentos de filhos que descobriram a história da guerra colonial e as suas consequências através das memórias dos pais.

A própria autora confessa que ao seu pai fez apenas a 'clássica' pergunta: "Mataste alguém?". Mas ao escrever este livro deu por si a querer fazer-lhe muitas mais, como a que dá nome ao livro: 'Tiveste medo?'.

Quatro anos depois, regressou ao mesmo tema, com um livro que conta pela primeira vez a história dos filhos da guerra, das crianças que ficaram para trás (em Angola, Moçambique e na Guiné-Bissau) após o fim do conflito e que há anos buscam uma identidade perdida.

Intitulado 'Furriel não é nome de pai', este livro, editado pela Tinta-da-China, tem por base duas reportagens sobre o tema que a autora fez para o jornal Público - onde então trabalhava - e viagens que fez a África e que lhe permitiram conhecer vários episódios sobre os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial (19761/74), e cujo número é totalmente desconhecido.

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