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Trabalho do coreógrafo Steve Paxton vai ser alvo de ciclo na Culturgest

Um ciclo sobre o coreógrafo, bailarino e improvisador norte-americano Steve Paxton vai ser organizado em março pela Culturgest, em Lisboa, e incluirá a apresentação de performances históricas, conferências e uma exposição.

Trabalho do coreógrafo Steve Paxton vai ser alvo de ciclo na Culturgest
Notícias ao Minuto

12:28 - 07/02/19 por Lusa

Cultura Dança

De acordo com a Culturgest, o ciclo inicia-se a 09 de março e contará com a presença de Steve Paxton, que estará em Lisboa no âmbito deste programa que visa demonstrar a transversalidade do seu trabalho.

O ciclo inclui uma exposição com curadoria de Romain Bigé e de João Fiadeiro (de 09 março a 14 julho), a apresentação de algumas performances históricas em palco (09, 20, 21, 22, e 23 de março), uma série de cinco conferências, a primeira das quais com o próprio Paxton (a 10 de março, 21 de março, 30 de maio, 06 de junho, e 25 de junho).

Também está previsto o envolvimento de famílias e escolas, com apresentação de uma performance de Tiago Cadete e Leonor Cabral (de 20 a 23 de março) e duas oficinas, sobre as suas técnicas "Contacto Improvisação", e 'Material para a Coluna', em data a anunciar.

Ao longo das últimas seis décadas, Steve Paxton, nascido em 1939, "tem moldado continuamente a face da dança", recorda a Culturgest.

O coreógrafo iniciou a sua carreira nos anos 1950, dançou com José Limon e Merce Cunningham, foi um dos fundadores do Judson Dance Theatre, fonte de criações coletivas que lançaram as raízes da dança pós-moderna e membro fundador do coletivo de improvisação nova-iorquino Grand Union.

Inventou duas técnicas -- 'Contact Improvisation' (Contacto Improvisação) e 'Material for the Spine' (Material para a Coluna) --, e cruzou-se com artistas plásticos (como Robert Rauschenberg), tornando-se também marcante para o universo das artes visuais.

Entretanto, escreveu extensamente sobre movimento - mais de 100 artigos desde 1970 - e atuou em espetáculos de dança improvisada por todo o mundo.

A Culturgest refere ainda que seu trabalho tem vindo a influenciar coreógrafos e bailarinos, muitas vezes, ao ponto de se perder a origem de algumas das suas pesquisas, nomeadamente no campo da análise e integração de movimentos quotidianos: como caminhar, a importância do tato, do peso e do balanço e a abertura ao corpo não-técnico.

"Em Portugal, o pensamento de Steve Paxton e do Judson Dance Theater tiveram uma influência decisiva em muitos dos integrantes da chamada Nova Dança Portuguesa, que partilhavam, em vários aspetos, as suas inquietações sobre a relação da arte e do quotidiano", salienta a entidade, sobre o ciclo.

O trabalho coreográfico de Steve Paxton é considerado pelos especialistas uma das referências fundamentais das práticas de movimento contemporâneas, atravessando toda a dança que se segue ao coreógrafo norte-americano Merce Cunningham.

"Continuamente na vanguarda dos movimentos pós-modernos norte-americanos, Paxton desde sempre deixou o caminho aberto à contaminação entre a arte e o quotidiano", sublinha.

A exposição 'Esboço de Técnicas Interiores' é o primeiro olhar retrospetivo do ciclo sobre o trabalho e o legado de Steve Paxton, com curadoria de Romain Bigé e João Fiadeiro, que estudaram com o coreógrafo americano, tendo desenvolvido pesquisas metodológicas e académicas sobre e a partir do seu pensamento.

Concebida em torno de uma das questões mais obsessivas do artista -- "o que é que o meu corpo faz quando não tenho consciência dele?" -- a exposição desafia os visitantes a vaguearem pelo estúdio de dança, "não apenas para ver dança, mas principalmente para observar o movimento com os olhos de um bailarino".

No contexto do ciclo Steve Paxton, a Culturgest apresenta três peças históricas de Paxton, reinterpretadas pelo coreógrafo e bailarino esloveno Jurij Konjar, nomeadamente 'Flat' (1964), 'Satisfyin Lover' (1967).

Steve Paxton iniciou a sua carreira com estudos em diversas áreas, desde as técnicas de ballet e dança moderna, passando pelas artes marciais orientais, que acabaram por contaminar o seu trabalho ao longo dos anos.

Evocando a experiência do jogo, influenciado pela prática da ginástica e do Aikido -- arte marcial japonesa que torna ineficaz a violência de qualquer ataque -- criou, no início dos anos 1970, a técnica 'Contacto Improvisação' que continua a alimentar, um pouco por todo o mundo, inúmeras investigações artísticas e somáticas.

Tendo passado muitos anos em digressão, improvisando em solo, dueto ou em grupo, Paxton vive desde a década de 1970 numa comunidade artística no norte de Vermont.

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