Leirena Teatro com espetáculo sobre a paz em língua inventada
O Leirena Teatro, de Leiria, anunciou hoje que pretende apostar na internacionalização de dois espetáculos, sendo que um deles, 'A Paz', de Aristófanes, será interpretado em língua inventada.
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Cultura Leiria
Na apresentação da programação para 2019, o responsável pela companhia anunciou a ambição de atuar ao estrangeiro a partir do próximo ano de modo a "poder fazer crescer" a estrutura. Nos próximos meses, os cinco atores profissionais do Leirena vão preparar o "salto".
"Já temos o projeto feito e este ano vamos fazer um grande investimento na formação dos nossos atores em língua inglesa e na música, para que cada ator fale fluentemente e saiba tocar um instrumento musical", disse à agência Lusa Frédéric da Cruz Pires.
Para levar à cena 'A Paz', será criada uma língua original: "Chamamos-lhe 'falaguês' e tem pronúncia americana, germânica e outras", sendo simultaneamente uma forma de facilitar a internacionalização e passar a mensagem, adiantou.
"Aristófanes criou este texto há dois mil e tal anos, mas ele está maravilhosamente atual: os deuses, ao acharem que os humanos nunca quiseram a paz, prenderam-na numa gruta e deram-lhes a figura da guerra. Até hoje. Nos últimos cem anos houve 44 ou 45 guerras, o que é abismal", frisou Frédéric da Cruz Pires.
Em palco, o Leirena mostrará "um grito de alerta para a situação" que se vive, a partir de uma adaptação da comédia escrita pelo autor grego.
"Mantém-se o espírito de colonização e a atitude imperialista. Essa atitude colonialista que ainda existe é que provoca todas estas guerras. Neste espetáculo há vendedores de armas, franceses, russos, alemães, e temos o deus da guerra, que é americano. Infelizmente, isto a que assistimos não é diferente do que o Hitler fez, do que César fez, de todos os que fizeram a guerra", sublinhou.
A companhia quer levar 'A Paz' a festivais de teatro, "começando por Espanha".
Já o projeto 'Colmeia', que cruza teatro e comunidade, terá como alvo as capitais europeias da cultura.
"Já levámos o espetáculo 'Colmeia' a municípios do distrito de Leiria e há outros interessados noutros distritos. Agora queremos alcançar também a internacionalização, especialmente as cidades que vão ser capitais da cultura", afirmou Frédéric da Cruz Pires.
"Colmeia" desenvolve-se durante duas a três semanas. Os atores do Leirena envolvem-se com as comunidades locais na criação de um espetáculo inspirado na identidade e na vocação artística dos envolvidos.
"A partir do teatro, é criar uma festa de atividades artísticas: toda a comunidade faz, vê, ri-se consigo própria, com o vizinho, o padeiro, os acólitos, todos, a fazer teatro", concretizou.
Para o responsável do Leirena, a fórmula funciona porque "mistura a identidade cultural local com teatro, seja em Figueiró dos Vinhos, em Trás-os-Montes, Espanha ou França".
"É um projeto de cruzamentos, comunitário e profundamente social", acrescentou.
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