Lentidão e explosão em coreografia que se estreia sexta-feira em Viseu
O acontecimento que não acaba, vivido em momentos de lentidão e explosão, marca a coreografia 'Todos, alguém, qualquer um, ninguém', que tem estreia marcada para sexta-feira, em Viseu, no âmbito do 20.º aniversário da reabertura do Teatro Viriato.
© Global Imagens
Cultura Teatro
O espetáculo foi concebido por Luiz Antunes a convite da Companhia Paulo Ribeiro e conta com a colaboração dos seus diretores artísticos, São Castro e António Cabrita.
Luiz Antunes explicou hoje aos jornalistas que "havia um conceito de base, que era a ideia de acontecimento, visto que é o ano em que há uma programação especial, que está relacionada com os 20 anos de reabertura do Teatro Viriato e da Companhia Paulo Ribeiro, residente no próprio teatro".
Esta ideia do acontecimento remeteu o coreógrafo para "algo que não acaba, que não termina", levando a uma reflexão sobre "o que é que aconteceu nos últimos 20 anos que foi marcante sob o ponto de vista social, cultural, político" e podia ser transportado para o espetáculo.
Em cena, os acontecimentos são transformados em metáforas: "a ideia da manifestação, a ideia da individualidade, a ideia do julgamento através do olhar e daí o recurso a muitos elementos de teatralidade e a uma lentidão que nos dá quase, como no cinema, a possibilidade de ver e de olhar a expressividade de cada músculo".
O objetivo "não foi tratar cada um dos acontecimentos", esclareceu, acrescentando que, durante o espetáculo, há a ideia de manifestação, do espaço da mulher na sociedade, da relação entre mulheres e homens e de "como é que chegou até agora e como é que ainda se passam questões de violência contida e muitas delas nada contida".
O espetáculo começa com os telemóveis na mão, numa alusão à importância que, nestes 20 anos, os 'smartphones' ganharam na vida das pessoas.
"Claro que isto é trabalhado da minha perspetiva, enquanto criador, permitindo a quem vê viajar por estas imagens e ir buscando os seus acontecimentos e o seu acontecer", frisou.
Luiz Antunes realçou que a mudança dos momentos de aceleração para outros de desaceleração "é quase um virtuosismo por parte dos intérpretes, porque é complicado às vezes pedir a um bailarino para fazer as coisas muito lentamente".
O elenco - constituído por Ana Moreno, Guilherme Leal, Joana Lopes, Malgorzata Sus, Rafael Oliveira e Ricardo Machado - foi escolhido pela Companhia Paulo Ribeiro.
"É um elenco muito heterogéneo. Há uma bailarina polaca e depois temos bailarinos do Porto e de Lisboa", disse o coreógrafo, acrescentando que, em palco, será possível ver as suas características individuais.
Luiz Antunes avançou que, no cenário, uma folha enrugada dá a ideia do passar do tempo, "do tempo longo".
"Cada um interpreta à sua maneira, mas é esta sensação de tempo que passa, mas contínuo, porque ele não para", afirmou, acrescentando que um acontecimento que é marcado numa agenda, com uma data, "depois tem uma repercussão ao longo do tempo".
O coreógrafo salientou a colaboração entre três criadores num espetáculo, que "não é muito comum existir" em Portugal.
"Não é muito comum uma companhia de repertório convidar outro criador para depois permitir esta abertura e esta partilha e isso foi um trabalho extraordinário", considerou.
"Todos, alguém, qualquer um, ninguém" será uma das duas estreias que a Companhia Paulo Ribeiro apresentará em 2019.
Em setembro, São Castro e António Cabrita apresentam 'Last', uma coreografia para uma partitura de Beethoven, com a participação ao vivo do Quarteto de Cordas de Matosinhos.
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