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Fábrica das Artes tem "obrigação de fazer coisas disruptivas"

A Fábrica das Artes tem a obrigação de "fazer perguntas para criar inquietação", afirmou à Lusa a programadora Madalena Wallenstein, há uma década à frente do serviço educativo do Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Fábrica das Artes tem "obrigação de fazer coisas disruptivas"
Notícias ao Minuto

13:35 - 19/01/19 por Lusa

Cultura Madalena Wallenstein

A Fábrica das Artes, criada em 2009 para reformular o serviço educativo do CCB até aí designado Centro de Pedagogia e Animação, está a cumprir uma década de atividade e programação dedicada a todos os públicos, dos bebés aos mais velhos, e, como sublinha Madalena Wallenstein, "a todas as infâncias".

"Há uma coerência, uma intenção estética; pretende abrir espaços para os mais novos, fazer equilíbrios entre gerações e pretende fazer o que falta fazer. Se não é o espaço cultural a fazer (...) alguma coisa de disruptivo, não sei onde é que se pode fazer", disse a programadora.

Numa década, a Fábrica das Artes programou de forma autónoma e em diálogo com o fio cultural do CCB, abrindo espaço para mais oficinas de criação e de pensamento para crianças e jovens, atividades específicas para adultos, para público escolar e para famílias, naquilo que Madalena Wallenstein defende há três décadas: a educação pela arte.

"Aqui, trazendo em nós esta capacidade que a arte tem de defender a liberdade e a experimentação, temos mesmo obrigação de fazer as coisas disruptivas. E não há nada melhor do que fazer perguntas para criar inquietação, espanto, desejo de procurar", sublinhou.

Nesse trabalho com diferentes públicos, em particular com crianças, adolescentes, famílias, Madalena Wallenstein acredita que "é com boa arte que se faz boa educação artística. Não é necessariamente a explicar tudo, isso pertence à educação formal. É viver artisticamente as experiências intensas".

Só lamenta que as famílias estejam "muito sobrecarregadas com o peso da escola nas suas vidas, nos tempos livres", e que a escola esteja "fortemente fechada sobre si mesma, com todos os esforços de se abrir e de se transformar".

Olhando para a frequência da Fábrica das Artes, da assistência em sala e nas oficinas, a programadora diz que reconhece quando é que as crianças e os jovens têm de estudar mais, de se preparar para os momentos de avaliação escolar. "As famílias desaparecem".

O modelo de ensino "tem de ser revisto, porque os miúdos estão exaustos. Chegam a adultos exauridos de trabalho e isso permite a displicência. Não é saudável. É preciso haver uma vivência das coisas, da vida, dos tempos, do lazer, da experiência do encontro com os outros, de educar de outra maneira, de participar, meter as mãos na massa, com pais e sem pais".

Nesta década na Fábrica das Artes, Madalena Wallenstein vai reconhecendo caras, de espectadores que foram crescendo com a programação do espaço, que já são chamados para participarem no processo criativo de programação juntamente com os artistas.

"Eu acho que essa característica da Fábrica é apelativa. É preciso chamar o público, lutar por ele, seduzi-lo", disse.

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