O segundo dia da ModaLisboa terminou hoje, mais de doze horas depois de ter começado, e com um atraso de duas horas em relação ao previsto, com uma coleção que homenageia uma das "maiores heranças culturais, a original cerâmica portuguesa".
Nuno Gama voltou a apresentar uma coleção onde as silhuetas são "assumidamente viris", e onde desta vez dominaram o branco e os azuis.
Antes, pouco faltava para as 00:00, Miguel Vieira apresentou a sua coleção para homem e mulher, mas também para crianças. Três meninas e três meninos desfilaram algumas das peças que o designer de moda, que este ano completa 25 anos de carreira, cria a pensar nos mais pequenos.
Na coleção, "em busca das suas origens, o presente encontra-se com o passado e cria uma simbiose perfeita entre o elaborado e o despojado, sem esquecer a construção da peça em si nem aquela que é a sua essência, de que menos é mais, e que o clássico pode ser reinventado mas não deve ser esquecido", referiu Miguel Vieira.
A 'maratona' de desfiles arrancou bem antes, pelas 12:00 de sábado, na Praça do Município, onde Luís Buchinho apresentou ao ar livre as suas propostas para a primavera/verão de 2014, que tinha desvendado a 30 de setembro na semana da moda de Paris, França.
Num desfile aberto à cidade, onde a banda sonora incluía o som de ambulâncias e autocarros que passavam na Rua do Arsenal, o designer de moda mostrou uma coleção na qual recriou o seu processo criativo, com uma paleta de cores que remeteu ao papel, à grafite, ao preto, à caneta azul e à tinta-da-china, e que intitulou de "A Página em Branco".
Na 'passerelle', montada em frente ao edifício da Câmara Municipal de Lisboa, desfilaram manequins com peças de uma coleção onde o processo criativo foi captado "através de estampados que procuram recriar um pouco o desenho muito intuitivo que se faz à volta de uma silhueta, mas que vai criando alguns desenhos e reforçando algumas formas de uma maneira muito visível", explicou o próprio.
Na escolha dos materiais, o estilista optou tecidos naturais como o algodão e a seda, e as formas, "são todas bastante afastadas do corpo".
Já dentro do edíficio da Câmara Municipal, nos corredores do segundo piso, o desenhador de jóias Valentim Quaresma apresentou "Caos", uma coleção, de acordo com o próprio, "onde as referências ficam ambíguas e se desconstroem linguagens estéticas".
Desta vez, optou por criar peças, como colares, "que se transformam em peças de vestuário", numa única cor, prateado, recorrendo a materiais como o alumínio, a alpaca, o latão cromado e a resina.
Pouco depois, no mesmo local, foi apresentada a coleção de Os Burgueses, a dupla Mia e Pedro Eleutério, "License to go bananas", onde aquela fruta amarela foi rainha.
Bananas estampadas em saias, calças, camisas e turbantes ou gravadas na pele de sapatos, dominaram a coleção. Esta foi a primeira vez que a dupla desenvolveu padrões originais, como explicaram os próprios.
Além do estampado das bananas, Mia, Pedro e Sara criaram ainda um outro 'tutti-frutti'. Nos tecidos, optaram pelo algodão, "matéria prima natural base" desta dupla, "usado em estruturas de sarja, ganga, malha jersey, malha tricotada e popelina".
A 'passerelle' voltou depois a ser montada ao ar livre na Praça do Município, para Ricardo Dourado apresentar "Drop the City", uma coleção inspirada, segundo o próprio, na estética do realizador Gus Van Sant e nos filmes de Larry Clark.
As tribos urbanas voltaram a ser o centro das criações do designer, agora numa perspectiva de como estes miúdos "sobrevivem na cidade e escapam dela". "Alguns recorrem às drogas, outros dedicam-se a desportos como o skate, o surf ou o parkour", disse.
O surf está nos tecidos, como o neoprene, ou nos estampados de ondas e esqueletos de golfinhos. Do skate há as formas 'oversize' [tamanhos extra-grandes], das camisolas, dos casacos e dos calções.
Os desfiles seguiram então no Pátio da Galé, no Terreiro do Paço. Pelas 18:30, Dino Alves apresentou "2D", uma coleção onde, "simplificadas e depuradas ao limite, muitas das vezes as peças parecem apenas quadrados e retângulos enriquecidos com elementos gráficos, que se transformam em peças de roupa, ao cobrirem e taparem o corpo", explicou.
Para a próxima primavera/verão, Dino Alves aposta em cores que vão do vermelho ao azul claro, passando pelos beges, o preto e o branco. Nos tecidos, este designer optou por viscoses, sarjas, jeans e pele.
O estilista trabalhou bastante os acessórios, como malas, sapatos, anéis, cintos e pulseiras.
Seguiu-se o desfile do polaco Kamil Sobczyk, o convidado desta edição, no âmbito de uma parceria de intercâmbio entre a ModaLisboa e a semana da moda da Polónia.
A coleção "Yeager", contou, foi criada "a partir da ideia de um homem que explora tudo o que é inexplorado, incomum e misterioso"
"A inspiração, neste caso, conduziu-me entre tons claros de azul e safira, cinzas, detalhes brilhantes e néon, dando à coleção um caráter desportivo. Dezenas de brilhantes molas de pressão e rebites consolidam e completam cada modelo", referiu.
A praia chegou com o desfile da marca brasileira Cia Marítima. Para a coleção de 2014, composta por biquinis, fatos de banho, triquinis e alguns vestidos e túnicas, os designers da marca inspiraram-se nos "'Gypsetters', quem assume como modo de vida o viajar pelo mundo inteiro atrás de aventuras em destinos invulgares".
Depois, foi a vez de Alexandra Moura mostrar as suas propostas para a estação quente. A designer apostou em silhuetas de linhas retas, simples e modulares, com "pequenas explosões" de volumes e sobreposições. Nas cores, predominaram o branco e o amarelo, e nos tecidos o algodão, as micofibras e o linho.
A 41.ª edição da ModaLisboa termina hoje.