Meteorologia

  • 16 ABRIL 2024
Tempo
20º
MIN 13º MÁX 26º

O ano em que a cultura portuguesa se expandiu de Bilbau a Guadalajara

De Bilbau a Veneza, de Guadalajara a Cannes, a cultura portuguesa expandiu-se em 2018 por várias geografias por causa de figuras como Joana Vasconcelos, Eduardo Souto Moura, António Lobo Antunes e Gabriel Abrantes.

O ano em que a cultura portuguesa se expandiu de Bilbau a Guadalajara
Notícias ao Minuto

09:40 - 14/12/18 por Lusa

Cultura Ano em revista

A mais alargada operação de divulgação internacional da cultura portuguesa terá acontecido, este ano, na Feira do Livro de Guadalajara, no México, na qual Portugal era o país convidado.

No final de novembro, a presença portuguesa no México traduziu-se em cerca de 40 escritores, entre os quais António Lobo Antunes -- no ano em que se anuncia a publicação da obra completa na francesa Plêiade -, Hélia Correia, Gonçalo M. Tavares e Lídia Jorge, e uma programação cultural que se estendeu para lá da literatura, com eventos de teatro, cinema, dança e exposições.

Os efeitos práticos desta presença no México só deverão sentir-se nos próximos meses ou anos, mas foi classificada pelo Governo como "o projeto prioritário da diplomacia cultural portuguesa no último ano", como afirmou o primeiro-ministro, António Costa.

Ainda assim, para lá do que se fez notar em Guadalajara, 2018 ficou marcado, por exemplo, pela atribuição do Leão de Ouro ao arquiteto Eduardo Souto de Moura, na Bienal de Arquitetura de Veneza.

Nas artes visuais, 2018 foi também o ano de Joana Vasconcelos, que estreou uma exposição individual no Museu Guggenheim Bilbau, em Espanha, foi convidada para criar obras de arte públicas para Paris e Nice e expôs no Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Estrasburgo.

Três outras mulheres sobressaíram nas artes plásticas a nível internacional: Paula Rego, Helena Almeida, que morreu em setembro, e Maria Helena Vieira da Silva.

Paula Rego, há décadas radicada no Reino Unido, teve obra exposta na Tate Britain (Londres), no Museu de l'Orangerie (Paris) e viu uma outra mostra ser finalista dos prémios britânicos South Bank Sky Arts.

Durante todo este ano, a artista portuguesa Helena Almeida esteve em destaque, com fotografia e desenho, na Tate Modern (Londres), num espaço focado na relação entre o indivíduo e a obra da arte.

Vieira da Silva, que morreu em 1992, foi notícia este ano pelo leilão de uma das suas obras mais relevantes, "L'Incendie 1", que atingiu o valor recorde de 2,2 milhões de euros, em Londres.

A visibilidade internacional da cultura portuguesa passou também pela arte urbana de nomes como Vhils, que apresentou obras inéditas em Paris e integrou uma mostra coletiva em Singapura, e Miguel Januário, que levou o projeto ±maismenos± ao festival dinamarquês Roskilde.

Na rota dos festivais internacionais, 2018 foi novamente ano de prémios para o cinema português.

Entre eles estiveram "Chuva é cantoria na aldeia dos mortos", de João Salaviza e Renée Nader Messora, e "Diamantino", de Gabriel Abrantes e Daniel Schmidt, ambos premiados em Cannes, "Terra Franca", de Leonor Teles, distinguido no festival Cinéma du Réel em Paris, e "Miragem meus putos", de Diogo Baldaia, reconhecido em Viena.

Este foi ainda o ano em que os portugueses ficaram a conhecer dois lusodescendentes que estiveram nomeados para os Óscares -- Luís Sequeira e Nelson Ferreira -- por causa do filme "A forma da água", de Guillermo del Toro.

Na música, assinalou-se o regresso de Salvador Sobral aos palcos, depois de uma ausência por razões de saúde, tendo feito uma digressão europeia por Espanha, Alemanha e Suíça.

Houve ainda acontecimentos no fado: Ricardo Ribeiro tocou pela primeira vez no Irão, Helder Moutinho estreou-se na Argentina e na Colômbia, Ana Moura subiu ao palco do Sidney Opera House, Carlos do Carmo e Celeste Rodrigues partilharam palco em Nova Iorque, e Cuca Roseta esgotou bilhetes numa hora para uma atuação na China.

Com os músicos e promotores a defenderem uma estratégia internacional para a música portuguesa, houve ainda quem tivesse feito de 2018 um ano para atuações no estrangeiro, entre nomes experientes, como os Moonspell e The Legendary Tigerman, e outros recentes, como Whales e Surma.

No teatro, o destaque vai para Tiago Rodrigues, encenador e diretor artístico do Teatro Nacional D. Maria II, por ter vencido o Prémio Europa de Teatro -- Realidades Teatrais, este ano decorre na Rússia, por ter apresentado neste país as peças "Burning the Flag (work in progress)", "By Heart" e "Sopro", e por ter cancelado uma participação num festival em Jerusalém, em junho, aderindo ao boicote cultural a Israel.

No teatro para os mais novos, a par do trabalho feito em Portugal, a dupla Inês Barahona e Miguel Fragata fez, em 2018, a abertura do Festival de Avignon, em França, com a peça "Do bosque para o mundo".

Recomendados para si

;
Campo obrigatório