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A visão de Bob Woodward da Casa Branca de Trump em estado de sítio

No livro 'Medo', o jornalista debruça-se sobre os dois primeiros anos da presidência de Trump e revela pormenores dos bastidores da sua administração. Desde o período de campanha à investigação, passando pela ingerência russa nas eleições e pelo "golpe de Estado administrativo" de funcionários da Casa Branca.

A visão de Bob Woodward da Casa Branca de Trump em estado de sítio
Notícias ao Minuto

20:46 - 30/11/18 por Fábio Nunes

Cultura 'Medo'

Desde que Donald Trump chegou à Casa Branca que têm sido publicados diversos livros sobre o controverso presidente norte-americano. Mas ‘Fear’ (‘Medo’, na tradução para português e que foi publicado pela Dom Quixote), de Bob Woodward, é sem dúvida um dos trabalhos mais reveladores sobre o chefe de Estado. Não só porque o autor é um dos jornalistas mais conceituados dos Estados Unidos (foi a investigação de Bob Woodward e de Carl Bernstein sobre o caso Watergate que levou ao escândalo que resultou na demissão do então presidente Richard Nixon), mas também porque o livro revela uma visão privilegiada dos bastidores da Casa Branca.

Baseando-se em fontes de informação bem posicionadas, com centenas de horas de entrevistas, Bob Woodward começa por escrever sobre o período da campanha para as presidenciais de 2016, centrando-se no momento em que Steve Bannon entra para a equipa de Trump como gestor de campanha.

O autor refere a descrença que reinava na equipa do multimilionário, uma descrença que se manteve praticamente até ao final da campanha. Woodward descreve a forma como Trump criticava os membros da equipa mais próximos, como Paul Manafort e até mesmo Rudy Giuliani.

Num dos capítulos, Woodward destaca um dos escândalos que marcou a campanha de Trump, quando foi tornada pública uma conversa na qual Trump se gabava de que podia beijar e apalpar todas as mulheres que quisesse. Giuliani foi a várias estações televisivas defender o seu candidato de forma leal. Em troca foi enxovalhado por Donald Trump, “És um bebé, Rudy! Nunca vi pior defesa de mim em toda a minha vida. Eles tiraram-te a fralda em público”, disse, perante a incredulidade de Bannon que assistiu ao momento.

Notícias ao MinutoA edição portuguesa do livro chegou às livrarias no início de novembro© Dom Quixote/Facebook

Depois da vitória nas presidenciais, Bob Woodward foca-se na constituição da administração Trump e no protagonismo e na importância de duas figuras. Uma delas o seu genro Jared Kushner, seu conselheiro e uma das vozes nas quais o presidente mais confia. A outra é Jim Mattis, escolhido para secretário da Defesa dos Estados Unidos. Neste caso, é notório, a partir do relato de Woodward, a crescente confiança e valorização que Trump deposita nos conselhos de Mattis.

A dificuldade de Trump lidar com a abordagem às famílias de militares também é referida. De acordo com fontes próximas do presidente, Trump mostra-se sempre bastante abalado no contacto com as famílias. Dedica-lhes bastante tempo, pede a folha de serviço de cada um dos militares que pereceram em combate… e depois inventa informação para confortar as famílias.

O incómodo exibido por Trump face à evolução da investigação à interferência russa nas eleições de 2016 é indisfarçável e o livro percorre ainda os eventos que se seguiram à marcha da supremacia branca em Charlottesville e as relações com a Coreia do Norte, o Irão, a China e a Rússia mas um dos principais destaques do livro era pouco conhecido do público em geral.

Notícias ao MinutoBob Woodward é editor no Washington Post e já ganhou dos prémios Pulitzer© Getty Images

O jornalista revela a forma como funcionários da Casa Branca, em alguns casos de topo, juntaram-se e fizeram desaparecer minutas de ordens de forma a impedir que o presidente as assinasse. Estes funcionários consideravam que estas ordens de Trump poderiam prejudicar seriamente os Estados Unidos. “Foi nada menos do que um golpe de Estado administrativo (...) um esgotamento nervoso do poder executivo da nação mais poderosa do mundo”, escreve Bob Woodward.

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