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Obra de Natália Correia revisitada nos Açores nos 25 anos da sua morte

Uma das "grandes componentes da literatura portuguesa contemporânea" é como o escritor Vamberto Freitas descreve Natália Correia, na passagem dos 25 anos da sua morte, efeméride que será assinalada com um colóquio na quinta e na sexta-feira, nos Açores.

Obra de Natália Correia revisitada nos Açores nos 25 anos da sua morte
Notícias ao Minuto

18:30 - 28/11/18 por Lusa

Cultura Poesia

Para o ensaísta e crítico literário, ainda que haja várias vertentes na atuação e na obra de Natália Correia, como a intervenção política, o que prevalece é a sua dimensão literária.

Considerando que a escritora e poetisa possui uma "obra suprema", Vamberto Freitas admitiu, em declarações à Lusa, que a figura está esquecida, havendo apenas um centro de estudos com o seu nome em Ponta Delgada: "Isso em Portugal não constitui surpresa, esquecendo-se muito depressa os que se vão".

O escritor, que esteve em vários eventos com Natália Correia - mas que "muito raramente" falava com ela, porque a açoriana cultivava "um certo desprezo" pela sua geração --, disse que a obra da poetisa poderia ser relançada, como está a acontecer com Vitorino Nemésio, figura com a qual se envolveu na defesa do separatismo dos Açores.

"Estavam preparados, se necessário fosse, em levar os Açores para a independência", afirmou Vamberto Freitas, que recorda a importância do bar Botequim, que a poetisa possuiu em Lisboa, como ponto de encontro de intelectuais e políticos.

Pelo bar passaram figuras como Mário Soares e Ramalho Eanes, que ali procuravam informação precisa sobre "o que se passava e pensava nos Açores" para além do que referia a imprensa.

Natália Correia (1923-1993), que foi também deputada à Assembleia da República, conseguiu juntar nomes como António Sérgio, José-Augusto França e Mário Cesariny no Botequim, bar que fundou em 1971, com Isabel Meireles, Júlia Marenha e Helena Roseta, no bairro da Graça.

O colóquio comemorativo dos 25 anos da morte de Natália Correia, promovido pela Câmara Municipal de Ponta Delgada no centro de estudos, na Fajã de Baixo, vai reunir várias figuras públicas , sendo a sessão de abertura composta pela leitura de uma comunicação da ex-primeira-dama Manuela Ramalho Eanes, ao que se segue o primeiro painel, subordinado ao tema 'A ilha e o mundo em Natália Correia', que será moderado por Armando Nascimento Rosa.

Fernando Dacosta, amigo da poetisa e autor de 'O Botequim da Liberdade', será o orador da conferência 'Natália Correia - um ser que veio do futuro', contando o colóquio com a presença de Vamberto Freitas, Ângela Almeida, Armando Nascimento Rosa, Odília Gameiro e Leonor Sampaio da Silva, entre outros.

No âmbito desta iniciativa, que envolve ainda outras intervenções, o presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, José Manuel Bolieiro, procederá ao descerramento da placa identificativa da casa onde nasceu Natália Correia, autora do texto do Hino dos Açores.

Natália Correia, que viveu quase toda a sua vida em Lisboa, apesar de ter nascido na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada (ilha de São Miguel), viu o seu nome inscrito na toponímia lisboeta quatro meses após a sua morte, por sugestão da Junta de Freguesia da Graça e da Associação de Mulheres Socialistas.

A Rua Natália Correia começa perto da Rua dos Sapadores e termina na Rua da Graça.

O Botequim, que fechou após a sua morte, ganhou nova vida em 2010 com novos donos, mantendo o espírito que definira o espaço desde a sua abertura.

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