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Bailarinos 'agridem-se' em palco, em espetáculo que se estreia em Viseu

Quatro bailarinos portugueses vão explorar os limites dos seus corpos, partindo da temática da violência nas suas várias formas, durante um espetáculo do coreógrafo brasileiro Henrique Rodovalho, que tem estreia marcada para quinta-feira, no Teatro Viriato, em Viseu.

Bailarinos 'agridem-se' em palco, em espetáculo que se estreia em Viseu
Notícias ao Minuto

10:03 - 27/11/18 por Lusa

Cultura Dança

'Um encontro provocado' é o nome do espetáculo que Henrique Rodovalho criou para a Companhia Paulo Ribeiro e que encerra a mostra de dança New Age, New Time, com apresentações na quinta e na sexta-feira.

"Ele mostrou-se disponível para ser influenciado por um tema, coisa que normalmente não é, e nós lançámos o desafio de trabalhar esta questão da violência em vários aspetos, tudo o que ela representa, naqueles que são mais óbvios e mais carnais e naqueles que são mais metafísicos", explicou António Cabrita, um dos diretores da Companhia Paulo Ribeiro.

Em palco estarão Margarida Belo Costa, Miguel Oliveira, Miguel Santos e Teresa Alves da Silva, que já estavam preestabelecidos pela companhia residente no Teatro Viriato.

No Brasil, o último trabalho de Henrique Rodovalho foi sobre bossa nova, uma temática totalmente diferente desta que foi desafiado a trabalhar em Portugal, o que lhe criou algumas dúvidas.

Segundo o coreógrafo, como o Brasil "está num momento muito confuso, muito delicado", as pessoas que vão assistir ao espetáculo consideram que ele tem "um frescor", que é "pelo menos uma coisa leve" que lhes está a acontecer.

"Aqui não", sublinhou, explicando que os bailarinos precisam de muita técnica para não irem parar ao hospital depois das várias quedas e confrontos que têm no palco, com o objetivo de "dar veracidade a tudo o que está a acontecer".

"Tem que saber levar porrada, mas tem que saber dar, para não machucar o companheiro. Tem toda essa técnica dentro da fisicalidade", disse Henrique Rodovalho, acrescentando que, ao mesmo tempo, os bailarinos têm que ter também "a técnica da dança contemporânea, que está inserida em vários momentos".

Em palco, haverá "desde violência de posicionamento, de um se sentir superior ao outro, até violência entre homem e mulher, auto violência", com os quatro bailarinos a mostrarem várias diferenças entre si.

"É difícil definir, mas é uma coisa que eu fui trabalhando em várias camadas. Cada um vai ter uma leitura, mas o espetáculo é no sentido de provocar isso mesmo, essa avaliação do que é que está a acontecer", frisou.

Segundo o coreógrafo, os brasileiros são "muito mais movidos pela emoção do que pela razão".

"O país pode estar um caos, mas se tem Carnaval é Carnaval, se tem festa é festa. Por exemplo, o Nordeste, que é uma das regiões mais violentas, tem o povo que mais se diverte", contou.

Em vários momentos do espetáculo, serão visíveis momentos de conflito interior, como se o bailarino quisesse parar para pensar, mas não consegue, e parte para a agressão.

"O espetáculo é o tempo inteiro assim, esse lado de nós sermos movidos muito emotivamente. Quando vem o Silva, com a música brasileira, até nos conforta, alivia, mas depois continua", referiu o coreógrafo.

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