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Álvaro Malta: uma das mais destacadas carreiras operáticas em Portugal

O cantor lírico Álvaro Malta, que morreu hoje, aos 87 anos, protagonizou "uma das carreiras de maior destaque na ópera em Portugal", que exerceu, paralelamente, à de médico na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Álvaro Malta: uma das mais destacadas carreiras operáticas em Portugal
Notícias ao Minuto

22:22 - 24/11/18 por Lusa

Cultura Óbito

Segundo a Enciclopédia da Música Portuguesa do Século XX, Álvaro Malta demonstrou "qualidades como ator e cantor, possuindo uma voz potente, maleável e equilibrada em todos os registos".

O cantor, que iniciou a carreira médica em 1961, apontou, numa entrevista à agência Lusa, como um dos pontos altos da sua carreira artística, o ter desempenhado, em 1958, o papel 'barão Duphoi' na ópera 'La Traviata', de Verdi, com Maria Callas, no Teatro Nacional de S. Carlos, onde se tinha estreado como cantor de ópera seis anos antes.

Álvaro Malta contava o pormenor de cena em que Maria Callas deixou cair o leque, e ele o apanhou e a soprano lhe agradeceu, com "uma troca de olhares".

A gravação desta récita, que decorreu sob a direção musical do maestro Franco Ghione (1886-1964), que esteve à frente do coro e da Orquestra Sinfónica do TNSC, foi reeditada em fevereiro último, quando se celebraram os 60 anos da estreia de Maria Callas (1923-1977) em Lisboa.

O baixo Álvaro Malta iniciou carreira em dezembro de 1949 no Coro do TNSC, tendo nesse ano feito exames de solfejo no Conservatório Nacional, em Lisboa. No ano seguinte iniciou estudos musicais com Elena Pellegrini, que foi a sua única professora.

Em junho de 1951 apresentou-se como solista, numa apresentação do Requiem, de Mozart, na igreja de S. Domingos, em Lisboa, e, em novembro de 1952, estreou-se como cantor de ópera, interpretando os papéis de 'Oficial' e o de 'Escrivão' em 'Inês Pereira', de Ruy Coelho, levada à cena no TNSC.

Segundo a Enciclopédia da Música Portuguesa do Século XX, entre os papéis operáticos que desempenhou, destacaram-se o de 'Fígaro', em 'As Bodas de Fígaro', de Mozart, 'Papageno', em 'A Flauta Mágica', também de Mozart, o de 'Metistófoles', em 'Fausto', de Gounod, e como protagonista da ópera 'Don Quichotte', de Massenet.

Como cantor de ópera atuou em várias salas portuguesas, nomeadamente no TNSC e no Teatro da Trindade, em Lisboa, com a Companhia Portuguesa de Ópera (1966-1975), mas também em Madrid, em 1961, em Nantes, em França, em 1965 e 1969, em Barcelona, em Espanha, em 1965 e 1970, em Paris, em 1969, em Bruxelas, em 1966, 1967 e 1977, em Teerão, em 1970, em Lyon, em França, em 1980, em Nancy, também em França, em 1980 e 1981, e no Festival de Ópera de Wexford, na República da Irlanda, em 1977 e 1978.

O cantor estreou várias óperas, nomeadamente, de Ruy Coelho (1889-1986), 'A Feira' e 'Auto da Alma', de Frederico de Freitas (1902-1980), 'A Igreja do Mar' e 'D. João e as Sombras', e recuperada por este compositor, a estreia moderna de 'A Condessa Caprichosa', de Marcos Portugal (162-1830), e ainda, e de Joly Braga Santos (1924-1988), 'Trilogia das Barcas' e como solista o Requiem à Memória de Pedro Freitas Branco.

Em julho de 1988 o cantor lírico deu por terminada a sua carreira operática, passando só a cantar esporadicamente.

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