Escritor László Krasznahorkai publicado pela primeira vez em Portugal
A obra de estreia de László Krasznahorkai, 'O Tango de Satanás', livro sobre esperanças e fracassos, que deu origem ao filme de culto homónimo realizado por Béla Tarr, vai ser publicado pela primeira vez em Portugal, pela editora Antígona.
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Com tradução do húngaro de Ernesto Rodrigues, prefácio de Rogério Casanova e desenhos de Miguel Carneiro, esta obra foi considerada pela escritora e ativista Susan Sontag "um livro inexorável e visionário de um mestre húngaro do apocalipse".
"Mostra que quando julgamos que nos vamos libertar, na verdade estamos apenas a mudar as cadeias", refere também a editora Antígona.
"Ler 'O Tango de Satanás' (1985) é entrar de corpo e alma numa pluviosa experiência hipnótica e sentir que, como teia de aranha em recantos escuros, uma fina fuligem existencial se deposita na mente", acrescenta a editora.
A história gira em torno de uma pequena comunidade isolada e ao abandono na planície húngara, batida pelo vento e pela chuva incessante, que se confronta com o regresso do misterioso Irimiás -- demónio ou messias, trapaceiro ou salvador da aldeia? -, que se julgava morto e que dividirá para conquistar.
'Sátántángo', no original, é um romance de 280 páginas, que reflete sobre a crença em falsos profetas no rescaldo de utopias falhadas, os passos que se dão à beira do abismo e as histórias que se contam para sobreviver e iludir, define a editora.
Em 1994, o realizador húngaro Béla Tarr transformou este livro num filme de sete horas e meia, com o mesmo título.
Da colaboração de László Krasznahorkai com o cineasta resultaram ainda outras adaptações cinematográficas, como 'As Harmonias de Werckmeister' e o argumento original de 'O Cavalo de Turim'.
László Krasznahorkai, nascido em 1954, é considerado um dos maiores escritores contemporâneos e está traduzido em várias línguas.
"Mestre húngaro do apocalipse", segundo Susan Sontag, e "autor intenso e intransigente", segundo W. G. Sebald, László Krasznahorkai estudou Direito e Literatura em Budapeste e foi editor nos anos 1980, antes de se dedicar exclusivamente à escrita.
Trocou a Hungria comunista por Berlim, em 1987, e viajou pelo Japão e pela China, nos anos 1990, década em que viveu também em Nova Iorque, na casa do escritor norte-americano Allen Ginsberg.
A sua obra é constituída por romances, ficção breve e guiões, e é profundamente influenciada por Kafka e Beckett, analisando a realidade até à loucura e refletindo sobre a decadência e o homem eternamente dilacerado entre a criação e a destruição.
Várias vezes apontado como um dos possíveis candidatos ao Nobel da Literatura, o escritor que W. G. Sebald compara a Nikolai Gogol pela "universalidade da sua escrita" venceu em 2015 o Prémio Man Booker International pelo conjunto do seu trabalho.
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