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Francisco Salvação Barreto diz que só faz sentido cantar o que sente

O fadista Francisco Salvação Barreto, que se estreia em disco, a apresentar terça-feira em Lisboa, disse à Lusa que canta o seu quotidiano, porque só faz sentido cantar o que sente.

Francisco Salvação Barreto diz que só faz sentido cantar o que sente
Notícias ao Minuto

15:36 - 18/11/18 por Lusa

Cultura Fado

"Canto o meu quotidiano. É a minha vida e, portanto, só faz sentido cantar o que sinto, não faz sentido cantar palavras que nunca disse ou que nunca diria ou uma ideia que não me passou pela cabeça", disse, em entrevista à Lusa.

"Em alguns fados posso estar um tempo mais adiantado ou atrasado em relação ao compasso da melodia, mas é a minha maneira de o sentir, a tensão e intenção que coloquei naquele poema, e isso conta mais que ficar muito perfeito e não ter alma. Tentou-se que o resultado em CD fosse o mais verdadeiro possível", sublinhou o intérprete, enfatizando em seguida: "Eu prefiro a intenção à perfeição, e isso foi um risco assumido".

O CD é apresentado na terça-feira, às 19:00, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal S. Luiz, em Lisboa, abrindo a programação celebrativa do 20.º aniversário do Museu do Fado, que chancela o CD.

Salvação Barreto afirmou à Lusa que quis preparar o CD com tempo, "pensar bem, pois o fado é algo refletido, sentido, não só para quem o canta, e há que ter sentido naquilo que canta - umas sextilhas para fado, são para fado, não são só umas 'sextilhas'".

Referindo-se à direção de voz de Camané, num álbum que não teve produtor, Salvação Barreto afirmou que a presença do fadista "foi, claramente, mais como testemunho de herança e dar pistas".

"O Camané comigo foi sempre muito generoso. (...) Respeitando imenso a minha maneira de cantar e o meu estilo, nunca me disse como devia fazer as coisas, mas deu-me a certeza de que não estava a fazer asneiras. Foi mais ou menos como ter alguém em estúdio, que sabe muito disto, e dizer-nos, 'vai, o caminho é por aí, avança'".

Salvação Barreto contou com os amigos para escrever os poemas, nomeadamente José Luís Gordo, autor de "Só Mais Um Dia", que gravou no Fado Versículo, de Alfredo Marceneiro.

O fadista faz parte do elenco da casa de fados Senhor Vinho, em Lisboa, de Maria da Fé e José Luís Gordo, onde canta, entre outros, com Aldina Duarte, também poeta, e de quem gravou "Eu Vi Que Tu Vias", que interpreta no Fado Margaridas, de Miguel Ramos.

Entre os fados que gravou, conta-se o Perseguição, de Carlos da Maia, com palavras de Maria Rosário Pedreira, "Adiante".

O tema que dá título ao CD "Horas da Vida" é um poema de Manuel Andrade gravado no Fado Lopes, de Mário José Lopes. Outros temas são "Noite Só" (João Monge/Fado Tamanquinhas, de Carlos Neves) ou "Impasse" (Rita Mariano de Carvalho/Fado Franklin de Quadras, de Franklin Godinho).

Francisco Salvação Barreto começou a cantar no seio familiar, em tertúlias de amigos, e depois em festas de beneficência. Conheceu o fadista João Ferreira-Rosa que foi crucial, pois despertou-lhe o interesse "pela magia dos fados" e o "interesse em querer fazer parte, definitivamente, deste mundo".

"Havia discos de fados e comecei a cantar nos almoços de família e tertúlias de amigos. Encontrei o João Ferreira-Rosa e foi aí que percebi que isto dos fados tem uma qualquer magia. Foi com o João Ferreira-Rosa que percebi que queria fazer parte disto e foi quem me despertou o interesse, ao ouvi-lo cantar".

Do repertório de Ferreira-Rosa gravou "Meu Amor Anda em Fama", de Pedro Homem de Mello, gravado no Fado Meia Noite, de Filipe Pinto.

O CD é editado e apresentado no âmbito das celebrações dos 20 anos do Museu do Fado, uma programação que inclui a edição de um outro CD, do guitarrista Gaspar Varela - que se apresenta no próximo dia 24 no pequeno auditório do Centro Cultural de Belém -, e uma exposição sobre Maria Teresa de Noronha, entre outras iniciativas.

O Museu do Fado, instalado na antiga estação elevatória de águas de Alfama, abriu portas a 25 de setembro de 1998, e faz parte dos equipamentos culturais da Empresa de Gestão dos Equipamentos de Animação Cultural (EGEAC), da Câmara de Lisboa, sendo desde então dirigido pela historiadora de arte Sara Pereira.

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