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O Amor não Cresce nas Árvores: "Quis criar um livro que se pudesse jogar"

‘O Amor não Cresce nas Árvores’ é o mais recente livro de Pedro Chagas de Freitas que chega esta terça-feira às livrarias.

O Amor não Cresce nas Árvores: "Quis criar um livro que se pudesse jogar"
Notícias ao Minuto

13:30 - 13/11/18 por Filipa Matias Pereira

Cultura Chagas de Freitas

Saltou das redes sociais para o pódio dos livros mais vendidos em 2014. É, desde então, a cada lançamento, regressa ao ranking dos sucessos. É, incontestavelmente, um dos autores mais vendidos em Portugal. Falamos de Pedro Chagas de Freitas. 

Escreve nas horas vagas e não acredita na inspiração. Isso, nas suas palavras, "é desculpa de preguiçoso". Mas, se houver, ou "seja lá o que isso for", a inspiração para escrever o seu mais recente livro, ‘O Amor não Cresce nas Árvores’, foi o filho. 

Benjamim, acabado de nascer, ouviu o teclar de cada página deste romance em que Pedro Chagas de Freitas não 'promete conquistar'; mas espera consegui-lo. 

‘O Amor não Cresce nas Árvores’ é a obra que o autor traz agora a público e que está esta terça-feira nas livrarias. Mas este é mais do que um livro; é porventura uma das obras mais interativas que os leitores poderão ler. Organizado por cinco cores, cada uma correspondendo a cinco géneros, o romance oferece diferentes possibilidades de sequência de leitura, que pode beneficiar ainda da interação com a app que acompanha o livro e onde é disponibilizado um dado que indicará qual a sequência e a cor que deve ser lida. 

Em entrevista ao Notícias ao Minuto, Pedro Chagas de Freitas apresenta ‘O Amor não Cresce nas Árvores’. 

Mas a base do livro é, sim, o amor. O amor é a base de tudo, na verdade

O Amor não Cresce nas Árvores’, o seu mais recente livro, é uma grande história de amor como já tem habituado os seus milhares de leitores? Como descreve esta nova obra?

É uma grande história de amor, sim. Mas é também o diário de uma adolescente, uma sátira inusitada, uma intriga política e um delírio mediático. Porquê? Porque são cinco livros, cada um com a sua cor, num só. E cada pessoa pode construir a obra à sua maneira. No fundo, são milhões de possibilidades de leitura, e cada uma faz o seu sentido. Mas a base do livro é, sim, o amor. O amor é a base de tudo, na verdade.

E as personagens principais do livro? Como as apresenta?

São humanos de verdade. E por isso são diferentes, amam diferente, pensam diferente: são de maneiras diferentes. Cada uma das personagens vai mostrando, ao longo do livro, o quão voláteis são as nossas perspetivas, as nossas crenças mais profundas. Somos muitas vezes o resultado de visões sobre as quais nunca refletimos de verdade. Estas personagens são o reflexo disso. E por isso vão mudando em cada momento. Estas personagens querem ser o que nós, pessoas, somos. Espero que tenham conseguido, com tudo o que isso tem de bom e de mau.

Temos cinco cores, cinco histórias, cinco viagens narrativas a caminhar lado a ladoEsta obra propõe uma experiência diferente, mais interativa. O que a diferencia das restantes?

Quis criar um livro que se pudesse jogar. E que, assim, pudesse ter milhões de maneiras de ser lido. Nesse sentido, temos cinco cores, cinco histórias, cinco viagens narrativas a caminhar lado a lado. Cada leitor pode encontrar sua maneira de a ler. Pode ler cada uma das cores em separado, pode ler todas as cores ao mesmo tempo, cruzando histórias e personagens, algo que se faz com facilidade — ou pode mesmo, para o jogo acontecer, usar o dado que pode encontrar numa app à qual podem aceder online e atirá-lo para escolherem quais as cores que vão lendo passo a passo. Se cada livro já é diferente para cada leitor, porque cada experiência de leitura é diferente, neste caso teremos mesmo, de facto, milhões de possibilidades de leitura, de acordo com a combinação de cores que o dado decretar. Por isso, deixo o desafio para lerem o livro — mas também para o jogarem.

Não acredito nessa coisa da inspiração. Isso é desculpa de preguiçosoOnde se inspirou para escrever ‘O amor não Cresce nas Árvores’?

Não acredito nessa coisa da inspiração. Isso é desculpa de preguiçoso. Neste caso, o livro até foi escrito com o meu Benjamim, acabadinho de nascer, ao meu lado. Foi quase todo escrito com ele ali, a dormir. E parece que entendia cada momento de escrita. Deixava-me escrever e então sim queixava-se. Se alguma inspiração, seja lá o que isso for, houver, neste caso foi dele, do meu filho [risos]. Mas reitero: não acredito nisso. A minha inspiração é trabalhar. É esse o verdadeiro dom: ter a capacidade de, custe o que custar, escrever. Escrever sempre. É isso o que eu faço todos os dias.

Notícias ao MinutoLivro de Pedro Chagas de Freitas chega hoje às livrarias © Leya

Algumas das suas obras foram publicadas noutros países. Este será também o curso natural deste novo livro?

A ideia é isso, sim. Acreditamos que o livro, pela sua originalidade, pode chegar a outros mercados, como aconteceu com outros livros meus. Ficaria muito feliz que assim fosse, até porque tenho uma comunidade de leitores muito grande espalhada por países tão diversos como a Itália, o Brasil, a Bulgária, e agora também no Reino Unido e nos Estados Unidos. Estou muito curioso por saber qual será a reação desse público a este novo livro.

Nesse caso é mais um “espero conquistar”Um dia escreveu o ‘Prometo Falhar’, com este livro ‘promete conquistar’ - mais uma vez – os seus leitores?

Nesse caso é mais um “espero conquistar” [risos]. Acredito que o público vai reagir bem a este livro. Acredito muito. Mas o que eu prometo, sem margem para falhas, é escrever. Escrever sempre e escrever o que sinto que tenho de escrever. Por isso é que os meus livros são tão diferentes entre si. Se alguns são mais luminosos outros são mais escuros. Interessa-me, enquanto autor, explorar todos os lados, todas as perspetivas. É isso o que me move. E há sempre perspetivas novas. Isso é infinito.

Sou viciado nisso: em contar histórias, em contar pessoas, em viver milhares de vidas enquanto as conto, enquanto as visitoÉ, incontornavelmente, um dos autores mais vendidos em Portugal. Como encara este sucesso? Quando começou a escrever alguma vez imaginou que alcançaria este patamar?

Escrevi durante quase uma década para meia dúzia de pessoas. Agora escrevo para algumas centenas de milhar em todo o mundo. Mas bem lá no fundo o que faço é exactamente o mesmo: atirar para as letras, para uma história, para várias histórias, aquilo que anda cá por dentro. Sou viciado nisso: em contar histórias, em contar pessoas, em viver milhares de vidas enquanto as conto, enquanto as visito. Depois, com o livro escrito, logo se verá se venderá muito ou pouco. Eu quero ser lido por muitos. O livro só existe quando é lido. E eu quero que o livro exista em muitas pessoas, em muitas casas. Mas quando escrevo não penso nisso. É a minha maior forma de liberdade: escrever o que me apetece. É isso que me dá um gozo especial.

Tem milhares de seguidores nas redes sociais. Sente-se acarinhado pelo público?

Muito. Muitíssimo. Todos os dias. Recebo dezenas de mensagens diariamente de pessoas que, de alguma maneira, foram tocadas por palavras que eu escrevi. Esses momentos, em que leio essas mensagens, são momentos de felicidade, de quase revelação. Sempre. Só tenho de agradecer a quem se dá ao trabalho de me ler e de ainda me enviar mensagens a agradecer a experiência e o que o livro lhes trouxe. Sou um felizardo. Obrigado a todos. De coração.

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