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Volume da Obra Poética de António Ramos Rosa publicado na quinta-feira

O primeiro volume da Obra Poética de António Ramos Rosa (1924-2013), que reúne os poemas publicados de 1958 a 1987, é editado na quinta-feira, anunciou hoje a Assírio & Alvim.

Volume da Obra Poética de António Ramos Rosa publicado na quinta-feira
Notícias ao Minuto

23:24 - 25/09/18 por Lusa

Cultura Livros

A edição é organizada e foi revista pelo poeta Luís Manuel Gaspar, com a colaboração da viúva do poeta, a poetisa Agripina Costa Marques, e da filha, Maria Filipe Ramos Rosa, e será apresentada a 17 de outubro na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, no âmbito do I Congresso dedicado ao autor.

No posfácio da obra, a investigadora Silvina Rodrigues Lopes, professora de Teoria da Literatura na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, afirma que, nos poemas do autor de "A Intacta Ferida", "é muito nítida a importância das imagens de árvores e da palavra 'árvore'".

"Num dado momento ou numa longa maturação, a poesia de Ramos Rosa tornou-se expressão irreconciliável da luz e da sombra, do aqui e do retorno, do sentido e do sem-sentido. Porque as linhas do sem-sentido se cruzam e destecem o poema. Ramagens são dispersão, imagens moventes, imagens que se desprendem".

"Será esse o essencial da poesia de Ramos Rosa: persistir na perplexidade diante do que se apresenta, abanar a árvore das imagens, para que estas se desprendam dos ramos (da ordem) e se alterem, independentemente do sentido, se alterem para que o tecido do poema não seja um muro de palavras", afirma Silvina Rodrigues Lopes.

Refira-se que os bens do poeta ficaram sob alçada da Biblioteca Municipal de Faro, sua cidade natal, e à qual Ramos Rosa dá o nome.

Pouco antes de morrer, a 23 setembro de 2013, Ramos Rosa tinha doado à autarquia de Faro o espólio relativo ao percurso académico e literário, assim como várias distinções, nomeadamente diplomas alusivos ao seu doutoramento Honoris Causa, ao grau de Grande Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e ao Prémio Pessoa, que recebeu em 1988, trinta anos depois de ter publicado o primeiro livro de poesia, "O grito claro" (1958).

Crítico literário, cofundador da revista Árvore e codiretor das revistas Cassiopeia e Cadernos do Meio-Dia, a par da poesia, António Ramos Rosa, que deu ainda nome a um prémio nacional de poesia, também desenhava.

Da vasta obra poética, premiada, faz parte "A Nuvem Sobre a Página", "Sobre o Rosto da Terra", "Estou Vivo e Escrevo Sol", "A Construção do Corpo", "A Pedra Nua", "Ciclo do Cavalo", "O Incêndio dos Aspetos", "Figuras solares", "O que não pode ser dito" e "Génese seguido de Constelações".

Dos livros de ensaio que publicou destacam-se ainda "Poesia, liberdade livre" e "Incisões oblíquas: estudos sobre poesia portuguesa contemporânea".

Além do Prémio Pessoa, António Ramos Rosa recebeu outros galardões, como o prémio do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários (1980), o Prémio P.E.N. Clube de Poesia (1981, 2006), o Prémio Jacinto do Prado Coelho (1987), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1989 e 2005), o Grande Prémio Internacional de Poesia, no âmbito dos Encontros Internacionais de Poesia de Liège (1990), o prémio Luís Miguel Nava (2005) e a Medalha de Mérito Cultural (2006).

Foi também distinguido com o Prémio da Fundação de Hautevilliers para o Diálogo de Culturas, pela tradução de "Algumas das Palavras", antologia de poesia de Paul Éluard, com o Prémio Nicola de Poesia, em 1986, e com o Prémio Jean Malrieu para o melhor livro de poesia traduzido em França.

Em 1992, foi feito grande-oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada e, em 1997, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.

"Numa folha, leve e livre" foi o último livro que publicou em vida, pela Lua de Marfim.

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