A inclusão dos refugiados também passa pela "catarse" do cinema
O cinema pode contribuir para a inclusão dos refugiados, contando histórias de sucesso e contrariando estereótipos negativos, como propõe o Refugees IN, um projeto europeu que visa combater a discriminação e encorajar o diálogo intercultural.
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Cultura Refugees IN
O culminar deste projeto acontece nos dias 22 e 23 de novembro, em Lisboa, com uma conferência internacional e um festival de cinema onde serão exibidos 12 documentários que retratam a nova vida dos refugiados nos seis países parceiros, entre os quais Portugal.
"O cinema, na forma como o utilizámos, é profundamente mobilizador e ajuda as pessoas envolvidas a refletirem sobre as suas próprias experiências", disse à Lusa Maria Helena Antunes, da consultora AidLearn, que coordena o Refugees IN.
O projeto dirige-se sobretudo a educadores de adultos e organizações que trabalham com refugiados, mas visa igualmente sensibilizar a opinião pública para a promoção de de uma sociedade mais coesa e inclusiva.
Os documentários "são um instrumento fabuloso", não só para os refugiados refletirem e dramatizarem sobre as suas próprias vidas, num processo "catártico" em que podem partilhar as suas experiências, "algumas delas bem traumáticas", e identificar-se com outros que fizeram percursos de inclusão semelhantes, mas também para desenvolverem competências, adiantou a coordenadora do Refugees IN.
Por outro lado, os filmes servem também de veículo para "mobilizar o que existe de melhor dentro de nós, humanos", realça Maria Helena Antunes: criam empatia com as "personagens", aproximando o público destas histórias que estão a ser contadas na primeira pessoa, promovendo uma "atitude positiva" junto de quem vê os filmes e mostrando que "os refugiados são pessoas como outras quaisquer", que tiveram de deixar os seus países para não morrerem.
É também uma forma, acrescenta Maria Helena Antunes, de mostrar que a história dos refugiados não se resume à travessia do Mediterrâneo.
"A maior parte dos filmes sobre refugiados centram-se muito na travessia, porque isso é que é dramático (...) mas essa não é a nossa preocupação. Nós estávamos mais centrados no 'E depois?', no que acontece nos países de acolhimento", afirmou, explicando que "todo o trabalho foi feito sobre o percurso de inclusão" e a procura de "histórias inspiradoras".
No caso português, estas são contadas na perspetiva de um sírio e um iraquiano através dos filmes "Amanhã é melhor" e "Daud".
Este modelo formativo já foi testado anteriormente, com curtas metragens centradas sobre histórias de vida orientadas para o envelhecimento ativo.
A experiência foi tão bem sucedida que inspirou esta nova abordagem ao trabalho com refugiados que inclui materiais educativos como uma brochura com histórias de vida e um curso, além de um catálogo de Filmes que Integra 12 longas metragens de diversas cinematografias Europeias e os 12 curtos documentários (dois de cada país), realizados durante o curso, que vão ser exibidos em Lisboa.
Além dos documentários, aos quais serão atribuídos prémios pelo público, realiza-se uma conferência onde responsáveis nacionais e internacionais vão debater questões como a situação dos refugiados em Portugal e na Europa e desafios e estratégias para a inclusão social dos refugiados.
Será também exibido o filme "Lampedusa in Berlim" numa sessão em que estará presente o realizador Mauro Mondello.
O projeto é financiado pelo programa Erasmus + da Comissão Europeia. Além da AidLearn conta com entidades parceiras como o Hamburger Volkshochschule (Alemanha), Associação Centro de Estudos da Cidade de Foligno (Itália), Universidade Eslovena para a Tercira Idade (Eslovénia), Instituto de Arte, Design, e Tecnologia -- Dun Laoghaire (Irlanda) e Conselho Grego para os Refugiados (Grécia).
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