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A Comic Con desenhada pelos artistas nacionais

O espaço Artist’s Alley reuniu alguns dos melhores talentos portugueses na arte de desenhar banda desenhada. Deram a sua opinião sobre o novo espaço do evento mas admitem que ainda é cedo para perceber o rumo que a Comic Con Portugal vai seguir.

A Comic Con desenhada pelos artistas nacionais
Notícias ao Minuto

18:28 - 09/09/18 por Fábio Nunes e Pedro Filipe Pina

Cultura Ilustração

Uma das áreas que agradou aos visitantes da Comic Con Portugal deste ano foi o Artist’s Alley, o espaço onde estão reunidos alguns dos melhores desenhadores de comics nacionais e não só. Muitos fãs não quiseram perder a oportunidade e ver os seus trabalhos e falar com os artistas que tanto admiram.

Num curto espaço os visitantes passam por nomes de relevo no panorama da ilustração de banda desenhada portuguesa de diferentes gerações. Ricardo Tércio, Nuno Saraiva, Ricardo Cabral e Luís Figueiredo eram nomes de destaque, tal como João Lemos, Nuno Plati e Joana Afonso, o trio que deu uma opinião ilustrada da Comic Con para o Notícias ao Minuto.

Se Joana Afonso tem sido uma presença assídua na Comic Con Portugal - “Se faltei a uma foi muito”, disse – Nuno Plati tinha estado na edição anterior e para João Lemos foi uma estreia. “Esta é a primeira Comic Con que faço em Portugal. A experiência que tenho de Comic Cons é em Barcelona, Utrecht, Amesterdão, Nova Iorque, que foi a que fiz mais vezes, então ironicamente esta é a novidade para mim”, salientou.

Com experiência em Comic Cons além-fronteiras, João Lemos abordou uma das grandes diferenças. A Comic Con deste ano realizou-se no Passeio Marítimo de Algés, ao ar livre. “É estranho este conceito. Nunca vi uma Comic Con montada em tendas. Muitas pessoas estão descontentes com as tendas, mas em última análise serve de argumento o facto da organização estar a experimentar. A custo de quê acho que só o cômputo geral vai ditar”. Para o desenhador, que já trabalhou com a Marvel, a DC e a Vertigo, o espaço “é mais desagregado”.

Notícias ao MinutoJoão Lemos tem um currículo digno de respeito© Pedro Filipe Pina/Notícias ao Minuto

A descobrir uma disposição diferente do habitual, Nuno Plati ainda não tinha uma preferência definida. “Acho que cada um tem as suas mais-valias. Por um lado, pode ser mais interessante para as pessoas estarem ao ar livre e conviverem de uma forma diferente. Por outro lado, o espaço fechado cria um ambiente mais aconchegado e as coisas parecem que estão mais próximas. Assim parece estar tudo mais disperso, mas já percebi que há pessoas que preferem o espaço aberto”

Joana Afonso deixou elogios à organização. Mas admitiu que gostava mais da Artist’s Alley das edições no Porto. “Era mais ampla, uma pessoa não andava tanto aos zigue-zagues”, sublinhou. “Eu não me importo propriamente que seja num espaço fechado ou ao ar livre. Parece é que estamos aqui mais refundidos, mas acho que isso já é comum em quase todos os eventos. Mesmo no Porto já éramos um bocadinho postos de lado”, acrescentou.

Com cinco edições ainda é difícil perceber o rumo que a Comic Con Portugal vai seguir.

“A sensação que tenho é que cresceu muito rapidamente. Estive na de Nova Iorque que é, talvez, a Comic Con que cresceu mais rapidamente nos Estados Unidos. Uma coisa é ter o nome Comic Con e estar em Nova Iorque, que é um epicentro cultural e em que a própria bagagem de San Diego pode ser levada rapidamente para lá, aqui foi uma coisa feita claramente com muita, muita ambição, mas que o tempo vai mostrar se a par da ambição existe também visão e amor pelas ‘properties’ porque com o tempo os fãs apercebem-se se as pessoas estão verdadeiramente alinhadas ou não e para já é demasiado cedo”, realçou João Lemos.

Notícias ao MinutoNuno Plati foi um dos nomes de peso do Artist's Alley© Pedro Filipe Pina/Notícias ao Minuto

“Eu fui várias vezes à Comic Con Nova Iorque que se tornou uma Comic Con muito focada na estreia dos filmes e na estreia dos jogos. A parte dos comics não tem tanta força, apesar de ser nos Estados Unidos e as principais editoras, a Marvel e a DC, serem americanas. Parece-me que a Comic Con Portugal está a seguir esse modelo e dá uma certa ênfase aos filmes, às séries e ao gaming, mas o facto de geograficamente estarmos longe de Hollywood e de onde as coisas são feitas e produzidas, faz com que o orçamento provavelmente não dê para esticar assim tanto para trazer este nome ou aquele. O que eu quero perceber é se vão seguir com este formato ou não”, referiu Nuno Plati.

O interessante panorama atual na ilustração portuguesa

Joana Afonso mostrou na Comic Con o seu novo trabalho, ‘Zahna’, do qual “as pessoas também estão a gostar”, disse. Já João Lemos e Nuno Plati têm trabalhado em projetos e terão novidades para breve.

Notícias ao MinutoJoana Afonso e o seu novo projeto© Pedro Filipe Pina/Notícias ao Minuto

Com gerações distintas a ganharem destaque em Portugal e lá fora, importava saber em que ponto está o panorama dos desenhadores de BD lusos. Nuno Plati ofereceu-nos a sua análise.

“Está super interessante. No nosso tempo não sei se foi porque fizemos a transição da altura em que não havia internet para quando passou a haver internet e as portas foram-se abrindo, eu noto que agora pessoas muito jovens têm uma noção das coisas que eu não tinha com a idade deles. Sabem como é que vão chegar a um público mais vasto no Instagram, por exemplo. O facto de se ter acesso a muita coisa hoje em dia permite-lhes estarem expostos a trabalhos com muita qualidade", frisou.

"Eu costumo utilizar este exemplo. Quando se é o melhor da rua a jogar à bola, mas se se tentar ir jogar para o Benfica, Porto ou Sporting, percebe-se que a rua é muito pequena e há quem jogue muito melhor. Antes era a mesma coisa, podia-se ser o melhor a desenhar na rua ou mesmo em Portugal, que era muito pequeno na nossa altura, quando se abre o mundo, compete-se com todos os artistas. Por isso é que acho que o futuro é muito positivo, há miúdos muito novos a fazerem coisas incríveis”.

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