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Artista Raquel André nos EUA para apresentar projeto 'Coleção de Amantes'

Cinco apresentações do espetáculo 'Coleção de Amantes' e duas residências de criação para o projeto 'Coleção de Artistas', a estrear em Lisboa em setembro de 2019, constam da digressão da artista Raquel André a decorrer nos Estados Unidos.

Artista Raquel André nos EUA para apresentar projeto 'Coleção de Amantes'
Notícias ao Minuto

12:45 - 03/09/18 por Lusa

Cultura Projeto

Cincinnati, Portland e Nova Iorque são as cidades norte-americanas onde a artista estará, até 27 de setembro, para cinco apresentações de 'Coleção de Amantes' - estreado em 2015, no Teatro Nacional D. Maria II e que faz parte de um projeto global designado 'Coleção de Pessoas' -, no âmbito das quais dará uma conferência e fará duas residências artísticas para preparar o novo projeto da tetralogia.

'Coleção de Artistas' é o nome do novo projeto da 'Coleção de Pessoas' que a artista se encontra a elaborar e que integra também 'Coleção de Amantes', 'Coleção de Colecionadores', também já estreado naquela sala de teatro de Lisboa e com o qual pretende chegar à vida das pessoas através dos objetos que colecionam, e 'Coleção de Espetadores', que a artista conta estrear em 2020, revelou a própria à Lusa.

Na quarta-feira, a artista inaugurará, no Cincinnati Contemporary Arts Center, uma exposição com imagens dos 167 amantes que reuniu desde 2015.

Integrada na Bienal de Fotografia Fotofocus, a mostra resulta do projeto ao longo do qual Raquel André se foi encontrando com desconhecidos num apartamento, em várias cidades do mundo.

"O que significa para si intimidade?" era a pergunta que lhes colocava e a partir da qual ia entabulando conversa com os fotografados de modo a ir construindo narrativas com as quais constrói os espetáculos.

De um acervo de mais de 7.000 fotografias, Raquel André teve dificuldades em fazer uma seleção com apenas uma imagem de cada fotografado, ultrapassando assim a meta que se impusera. "Mas é uma loucura conseguir escolher", sustentou, justificando o facto de a mostra a apresentar nos Estados Unidos reunir mais fotografias que as equacionadas inicialmente.

Cincinnati serviu também para Raquel André se encontrar com os plásticos Mark de Jong e Lorena Molina, que farão parte da narrativa a construir para a 'Coleção de Artistas', revelou ainda.

Saber o que são e como são os "amores contemporâneos", "o que as pessoas entendem por intimidade e como é que esta se relaciona através das redes sociais e da tecnologia, que se interpõe tão rápida e de forma tão avassaladora nas relações" foi, segundo a artista, o ponto de partida de 'Coleção de Amantes'.

Para isso captou imagens e ouviu histórias de desconhecidos de vários estratos sociais, em cidades diferentes e países tão diferentes como Portugal, Brasil, Polónia ou Noruega. Homens, mulheres e pessoas transgénero, de várias idades, culturas, sem outra imposição que não fosse aceitarem o desafio e terem mais de 18 anos.

Dos 167 amantes colecionados apenas um é menor - tem 17 anos e obteve o consentimento dos pais para integrar o projeto - enquanto o mais velho tem 83 anos.

Quando questionada sobre o porquê do nome escolhido para a coleção, a artista admitiu tê-lo feito "de forma consciente" e "no sentido de provocação".

"Porque em português amante significa aquele que ama, mas a palavra é muitas vezes usada no sentido da terceira pessoa, de extraconjugal, como alguém que não podemos amar", sublinhou.

Saber o significado de amor "no sentido maior da palavra" era o objetivo deste projeto que a surpreendeu "de duas maneiras" e que já tem um primeiro volume editado em livro, em novembro de 2017, em coprodução com o D. Maria II.

Primeiro, por as pessoas com quem se tem encontrado terem consciência de que estão a fazer parte de um projeto artístico e não se inibirem de desabafar com ela, lhe contarem histórias pessoais ou mesmo segredos.

Segundo, porque, ao contrário do que a atriz podia esperar, são os afetos que estão mais presentes nas conversas com os amantes ao invés de questões sexuais e carnais.

"Todos nós temos medos, todos nós temos inseguranças, projeções, desejos, e, portanto, o amor é feito também desse pacote todo, de desejo, medo, projeção, loucura, retração", sustentou, acrescentando que essa constatação lhe tem permitido fazer uma radiografia da forma como o amor é entendido independentemente da forma que este assuma.

No dia 20, a artista estará no Chocolate Factory Centre, em Nova Iorque, onde dará uma conferência sobre 'Coleção de Artistas' e que servirá também para contactar com mais pessoas para engrossarem o projeto.

Um trabalho onde pretende "utilizar o corpo como arquivo", guardando a experiência e o trabalho dos artistas para navegar nas "fronteiras entre real e ficção, fantasia e possibilidade, quotidiano e vida artística".

Os espetáculos são uma cocriação de Raquel André, António Pedro Lopes e Bernardo de Almeida, e têm música de Noiserv.

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