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Invasões Francesas no 76.º Cortejo do Traje de Papel no Porto

A Foz do Porto recebeu hoje generais e marechais especiais das Invasões Francesas e uma Marilyn Monroe vestida em papel 'crepom' para participarem no Cortejo do Traje de Papel, tradição centenária no âmbito das Festas de São Bartolomeu.

Invasões Francesas no 76.º Cortejo do Traje de Papel no Porto
Notícias ao Minuto

23:30 - 26/08/18 por Lusa

Cultura São Bartolomeu

Com o tema das Invasões Francesas e a sua vitória, a tradição do Cortejo do Traje de Papel, evento que termina com um 'banho santo' no Oceano Atlântico, pôde contar, nesta 76.ª edição, com um figurante mascarado de general Junot, mas marcharam também no desfile os marechais Soult e Massena, bem como os irmãos Metralha, Charlie Chaplin, Marilyn Monroe e Florbela Espanca.

Daniela Paiva, uma fã da tradição antiga do 'banho santo' foi hoje apenas uma entre as cerca de três mil pessoas -- segundo dados da União de Freguesia de Aldoar -, a ver o cortejo que contou com 450 figurantes.

A festa é encantadora, confessa, referindo que o papel 'crepom', por ser um papel "maleável" e "leve" é ótimo para trabalhar as vestes especiais dos participantes no desfile.

Ana Furtado, vice-presidente da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, explicava à Lusa que só naquela União de Freguesias houve cerca de dez costureiras a trabalhar ao longo de vários meses num ateliê de costura, coordenado pela 'designer' Dolores Gouveia, para cortar e coser os fatos, adereços e sapatos dos figurantes que iam desfilar no cortejo, sob o tema das invasões francesas.

O objetivo do cortejo é dar um mergulho no mar, que fica tingido com as cores do papel 'crepom', conta aquela autarca, explicando que a tradição do banho santo remete para o século XIX, altura em os romeiros vinham para aquela zona ocidental do Porto dar "sete mergulhos para expurgar os pecados ou maleitas" que teriam "cometido ao longo do ano".

Depois do cortejo ter sido feito no passado com recurso a papel de jornal, hoje o papel eleito é o 'crepon', porque permite mais facilmente cortar e coser para estar tudo a postos no dia do Cortejo do Traje de Papel, recorda aquela autarca.

O desfile, que se inicia na Cantareira, no início da Rua do Passeio Alegre, e que depois de passar pela Rua Senhora da Luz, Avenida Brasil, Rua Coronel Raul Peres, Rua de São Bartolomeu, termina na Praia do Ourigo, junto ao Farol, tem um trajeto de cerca de dois quilómetros de distância.

Este ano quem abriu o cortejo foi a Banda Marcial da Foz, mas o evento contou também pela primeira vez com os pauliteiros de Nevogilde, da Associação de Moradores do Bairro do Aldoar, sob o tema da Lenda da Fonte da Moura, bem como com a Associação dos Moradores da Pasteleira, com o tema artistas, e que permitiu que desfilassem, lado a lado, os irmãos Metralha, a poetisa Florbela Espanca e a atriz norte-americana Marilyn Monroe.

O Orfeão da Foz com o tema Flores da Madeira foi outra das entidades que participou no cortejo, que nesta edição retomou a tradição de abertura do cortejo com a personagem de São Bartolomeu, este ano encarnada pelo mestre Xavier, um dos poucos pescadores que ainda vai à faina na Cantareira.

O fim do cortejo é "uma descarga de adrenalina total", com as centenas de figurantes a celebrar no mar as muitas horas e meses de trabalho, relata Ana Furtado, referindo que o banho santo se transforma numa espécie de "arco-íris", com o mar tingido pelas cores do papel 'crepom'.

Nuno Ortigão, presidente da União das Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, e que se vestiu hoje de sargento-mor do Forte de São João da Foz para participar no cortejo, destacou à Lusa que o que distinguiu este ano dos passados foram os "milhares de pessoas" que aderiram àquela festa e que considera "ser única no mundo".

Os motivos para tantos fãs são o "bom tempo", as redes sociais e uma boa promoção do evento cultural, justifica.

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