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Peso da idade, doenças urbanas e crescimento no festival em Palmela

Os espetáculos '(In)certaidade', 'Antes' e 'Adriano já não mora aqui' constam da programação da edição de 2018 do Festival Internacional de Artes de Rua (FIAR), a decorrer de sexta-feira a domingo, em Palmela.

Peso da idade, doenças urbanas e crescimento no festival em Palmela
Notícias ao Minuto

21:20 - 02/08/18 por Lusa

Cultura Teatro

'(In)Certaidade' é a nova criação do Centro de Artes de Rua de Palmela com o grupo de teatro As Avozinhas, uma homenagem a todas as 'mulheres-coragem' - como afirma a responsável da companhia, Dolores de Matos -, que se estreia às 21h00 de sexta-feira, no espaço do Centro do FIAR, na rua Serpa Pinto, em Palmela.

A peça centra-se em questões relacionadas com a idade e suas consequências físicas e emocionais.

Como é que a idade afeta o corpo e os comportamentos sociais, os tabus e os preconceitos que ainda hoje pendem sobre as mulheres relativamente a determinadas fases da vida, como a menopausa, são, segundo Dolores de Matos, temas abordados na peça.

'Uma revolta 'punk' contra a normatividade comportamental sénior' é como as diretoras artísticas da companhia, Dolores de Matos e Carlota Lagido -- que também assinam o espaço cénico e os figurinos -, classificam '(In)Certaidade', que tem dramaturgia de João Pedro Azul.

Por seu turno, 'Antes', uma criação de Pedro Penim e do Teatro Praga, que no sábado à noite sobe ao palco do Cine-Teatro S. João, em Palmela, aborda temas das cidades, questões urbanas, os seus desconfortos e enfermidades.

'Muitas cidades ou países apresentam uma 'malaise' distinta. São lugares que podiam ser Portugal, de tão afundados numa dolorosa saudade do passado, e onde cada tensão do presente é apenas a ponta de um iceberg que se explica em recuos sucessivos, que podem ir até à origem das espécies, pelo menos', lê-se na programação do FIAR, sobre o espetáculo do teatro Praga.

E esta nostalgia das cidades é muitas vezes apresentada como um diagnóstico, uma negação de um presente doloroso em oposição ao desejo de regressar a um passado glorioso, como por exemplo a cidade de Istambul, que mergulha frequentemente num estado a chamam 'Üzün'h um tipo de melancolia aguda, coletiva, que surge com a chuva e com o vento frio vindo do Leste e que tudo devora.

Ou o coração de Trieste, 'que parou de bater em 1914, quando para ali foram transportados os corpos dos arquiduques do Império austro-húngaro, depois de terem sido assassinados em Sarajevo'. 'Desde então a cidade portuária foi rebaptizada como Tristesse e arrasta-se num limbo moribundo', acrescentam os responsáveis pela peça.

Ou Gales, que quer dizer 'o lugar dos outros', e cujo nome lhe foi dado pelos invasores, quando o país se tornou a primeira colónia do império britânico em 1285 e que, desde então, tem sido atirada para as margens da história com os galeses a experimentarem um estado de incompletude profunda e familiar, uma doença que faz sentir falta de uma casa para a qual não se pode voltar, acrescenta o teatro Praga.

Com texto e encenação de Pedro Penim, 'Antes' é interpretada por Bernardo de Lacerda, Frederico Serpa e Pedro Penim.

No domingo, no pátio do Festival FIAR, é a vez de ser representada uma dramaturgia e coreografia de Adriano Diouf e Rui Catalão, 'Adriano já não mora aqui',

O espetáculo começa com uma criança a fugir de um homem que matou outra criança, e termina com as batidas do coração de um feto, no útero da mãe.

'Dois episódios arrepiantes, porque a criança está na casa do criminoso, com ele lá dentro, e o pai do feto acabou de dizerh 'Doutora, nós não vamos ter esta criança''. Os episódios foram convertidos em outras tantas cenas, com as quais Adriano Riouf reconstrói o processo de como se tornou adulto.

A peça é assim 'o relato de uma criança a fugir dos problemas em que se mete. A combater e a esconder-se das consequências. Até ao momento culminante em que não quer mais fugir', refere o criador.

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