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"A música africana está presente na sociedade portuguesa desde sempre"

Aos 29 anos, Djodje, nome artístico de Fernando Jorge Marta Silva, é um dos cantores africanos mais populares em Portugal. Com 19 anos de carreira, o interprete do tema 'A Fila Anda' conta já com três álbuns lançados, vários singles de sucesso e uma produtora que dá cartas a nível nacional.

Notícias ao Minuto

09:00 - 22/09/18 por Catarina Carvalho Ferreira

Cultura Djodje

Nasceu em Cabo Verde rodeado de música e foi através da ligação dos pais aos ritmos africanos que Djodje tomou contacto com a área que viria mais tarde a tornar-se a sua vida.

Com apenas 10 anos, juntou-se a familiares e amigos para fundar a banda TC e dar voz ao tema de sucesso ‘Volta’. Aos 17 anos lançou o primeiro álbum a solo, ‘Sempre TC’, e aos 20 a sua própria produtora musical. 

'Beijam', 'Não Vai' e, mais recentemente, 'A Fila Anda', são alguns dos seus temas mais conhecidos e que contribuíram para uma carreira de sucesso que Djodje lembrou em entrevista ao Notícias ao Minuto.

O Djodje lançou-se muito novo no mundo artístico, como é que surge esta sua ligação com a música?

Nasci no meio da música, o meu pai é guitarrista de um dos grupos mais conceituados de Cabo Verde, os Tubarões, e a minha família de parte de mãe também tem muitos compositores e cantores, a família Marta. Nasci dentro da música e nunca mais consegui fugir a isso.

Aos 12 anos já fazia parte de uma banda de grande sucesso.

Sim, aos 10 anos formei juntamente com os meus irmãos e primos um grupo chamado TC. Aos 12 anos editámos o nosso primeiro single [‘Volta’], que fez muito sucesso na altura e desde então nunca mais parámos.

Fiz uma formação em produção e marketing musical e desde essa altura que estou a viver a 100 por cento da músicaComo é que na época, ainda tão novo, lidou com o sucesso que o grupo fazia?

Primeiro foi meio estranho, vivendo na Cidade da Praia, em Cabo Verde, um meio pequeno e com a música a ter uma aceitação enorme. Tive de aprender a lidar com isso, mas depois do primeiro impacto, as pessoas reconheciam o trabalho e a abordagem sempre foi muito tranquila e pacífica.

Mais tarde, com 16 anos lançou o primeiro álbum a solo. Podemos dizer que na sua carreira tudo aconteceu muito cedo e até de forma bastante rápida.

Sim, o meu primeiro álbum saiu em 2006 depois de ter editado a minha primeira música a solo em 2001. Em 2007 vim viver para Portugal para estudar comunicação e media na Escola Superior de Comunicação Social, mas rapidamente percebi que não era por aí e decidi seguir por outro caminho. Fiz uma formação em produção e marketing musical e desde essa altura que estou a viver a 100 por cento da música.

O facto de ter começado novo acabou por ajudar, mas ainda há muito trabalho pela frente Com 20 anos voltou a arriscar e lançou a sua própria produtora.

Em 2009 eu o Ricky Boy e o Peps lançámos a Broda Music, que já vai fazer 10 anos... o tempo passa rápido. As coisas estão a correr muito bem, temos neste momento quatro artistas, eu, o Ricky Boy, a Kady e o Mário Mata.

O Djodje tem 29 anos e um percurso bastante completo, depois de vários álbuns, singles de sucesso e uma produtora que balanço faz destes 19 anos de carreira?

O balanço é positivo, mas ainda há muita coisa por fazer. O facto de ter começado novo acabou por ajudar, mas ainda há muito trabalho pela frente e a ideia é continuar a trabalhar para tentar chegar o mais longe possível.

As minhas músicas são, no fundo, aquilo que vejo à acontecer à minha voltaQuais são as grandes inspirações para as suas músicas?

As minhas músicas são acima de tudo histórias, de uma forma geral são histórias românticas, o estilo também é propício para fazer músicas românticas, mas tento não me restringir a esse tema. São histórias minhas e histórias de outras pessoas. As minhas músicas são, no fundo, aquilo que eu vejo à acontecer à minha volta.

E qual é o estilo com que define os seus temas?

Eu canto Afropop e dentro desse estilo há várias vertentes como a Kizomba, o Afrobeabt... há músicas acústicas também. Tento ser o mais eclético possível, mas se eu tivesse de definir numa palavra é o Afropop.

A música africana esteve presente na sociedade portuguesa desde sempreE esse é o estilo com que mais se identifica?

Sim, sendo um artista pop, um artista africano, é o estilo com que mais me identifico.

A música africana ganhou, nos últimos anos, um peso muito grande também em Portugal, começámos a ouvir kizomba a passar nas rádios nacionais e o público foi crescendo cada vez mais. Tem ideia de que factores contribuíram para esta mudança?

Acho que se deve sobretudo à ligação que Portugal tem com os africanos, que é algo antigo. No meu ponto de vista, a música africana esteve presente na sociedade portuguesa desde sempre. De há alguns anos para cá tornou-se ainda mais presente, começou a passar nas rádios, televisões, mas já existia aqui. Portugal tem uma forte ligação com alguns países africanos como Cabo Verde, Guiné Bissau, Angola ou Moçambique e faz todo o sentido a nossa cultura estar aqui porque existe em Portugal uma comunidade enorme de africanos. A cultura africana está bem presente em Portugal.

Acha que já não existe preconceito relativamente à musica africana?

Acho que sim, o público português começou a ouvir cada vez mais, a aceitar cada vez mais, acho que sempre gostou e essa paixão pela música africana só veio à tona nos últimos anos.

O Djodje faz parte de um grupo de artistas que contribuíram para o sucesso de que falamos, sente que teve um papel importante na divulgação da música africana em Portugal?

Acho que sim, graça a Deus, o meu trabalho tem sido reconhecido, portanto, acho que sim. Tenho dado o meu contributo para a divulgação da música africana e da cultura de Cabo Verde aqui em Portugal.

Porém, a carreira do Djodje não se cinge apenas a Cabo Verde e Portugal.

Claro que não, acabo por cantar também muito para as comunidades africanas e portuguesas espalhadas por todo o mundo. Acabo por cantar aqui, em França, Luxemburgo... ou seja, onde há comunidades muito provavelmente estamos lá a cantar e a levar a nossa música.

Não me considero um artista completo porque tenho ainda muita margem para progredirO ano passado, em 2017, o Djodje 'esgotou' o Coliseu de Lisboa.

Foi no dia 11 de março de 2017 que estivemos no Coliseu e foi um sucesso, esgotou com duas semanas de antecedência. Já estamos a pensar em dar o próximo passo e, quem sabe, fazer uma sala maior.

Além de cantar, o Djodje toca outros instrumentos, sente que é um artista completo?

Há sempre muito trabalho a fazer, não me considero um artista completo porque tenho ainda muita margem para progredir. Toco guitarra sim, mas os outros instrumentos como por exemplo o piano arranho muito ligeiramente. Até me considerar um artista completo há muito caminho ainda por andar.

Estar na Internet hoje em dia é fundamental para qualquer artistaGrande parte das suas músicas é inicialmente lançada no YouTube, até porque o Djodje faz muito sucesso nesta plataforma e nas redes sociais. Estas plataformas têm um papel de peso na divulgação da sua carreira?

Para mim é cada vez mais preponderante a Internet de uma forma geral, por causa do YouTube, por causa das plataformas de streaming e por causa das redes sociais também. Estar na Internet hoje em dia é fundamental para qualquer artista, é a nova e a mais importante forma de comunicação e de promover o nosso trabalho. Para mim estar na Internet é fundamental.

Sendo que muitas das suas músicas são românticas, a grande maioria do seu público é feminino. Como é que lida com o assédio das fãs?

Tenho sorte nesse sentido, existe uma relação de respeito mútuo entre mim e os meus fãs. As pessoas gostam do meu trabalho, mostram o seu carinho, mas não existe aquele assédio maluco. Nesse sentido, tenho muita sorte.

Para ele foi algo novo, o Jimmy P. nunca tinha cantado num registo do género

Falemos agora da sua última música de sucesso, 'A Fila Anda', feita em parceria com o Jimmy P., que foi lançada há pouco mais de três meses no YouTube e conta já com dez milhões de visualizações. Como é que surge esta parceria?

Eu conheci o Jimmy há mais ou menos um ano e meio, dois anos, e desde sempre fui fã do trabalho e dele. Logo quando nos conhecemos surgiu a ideia de fazermos uma música juntos. Fomos procurando a ideia até chegar ao tema certo, depois o 'beat' surgiu e ele gostou. Para ele foi algo novo, o Jimmy nunca tinha cantado num registo do género. Lançámos o single e está a ser um sucesso, o pessoal está a gostar e o feedback está a ser muito positivo.

Esperavam que tivesse tanto sucesso e tão rapidamente?

O esperar é sempre complicado, nós queremos que tenha sucesso. Mas depois depende do público e do mercado, mas sim estávamos a torcer para que fosse um sucesso.

Estou muito feliz e numa fase positiva da minha carreira

Que novidades tem preparadas em relação ao futuro da sua carreira?

Neste momento estou a preparar o meu quarto disco, que vai sair ainda este ano. O último saiu em 2013, está, portanto, na altura de editar um novo disco. No verão, como é normal, a agenda esteve muito preenchida. As coisas estão a correr bem, muito bem, estou muito feliz e numa fase positiva da minha carreira.

Ainda em relação ao futuro, onde espera conseguir chegar enquanto artista? 

O meu primeiro objetivo é fazer música para o resto da vida e levar a minha música o mais longe possível. Pisar grandes palcos, estar nos grandes festivais do mundo... mas o mais importante é continuar a trabalhar.

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