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Novo modelo de casa divide jovens de Macau sem capacidade para comprar

Jovens adultos de Macau entrevistados pela Lusa disseram estar divididos quanto à criação de habitação intermédia, um novo modelo residencial destinado a pessoas com dificuldades em adquirir casa no mercado local.

Novo modelo de casa divide jovens de Macau sem capacidade para comprar
Notícias ao Minuto

09:53 - 10/12/22 por Lusa

Casa Macau

"Prefiro comprar um apartamento no interior da China, porque não consigo comportar o preço [de uma casa] em Macau", disse à Lusa Selena Lei, de 25 anos, que explora um negócio de família.

"Até a habitação económica ou a habitação intermédia são mais caras do que no interior da China", completou.

Já Tina Si, professora de 25 anos que vive com a família num apartamento de cerca de 50 metros quadrados, admitiu comprar habitação económica ou intermédia "por ser a forma mais fácil de adquirir" uma residência.

A 'habitação intermédia' é um dos cinco tipos de habitação estabelecidos pelo executivo de Macau -- as outras são a habitação social, habitação económica, habitação para idosos e habitação privada -- e, à semelhança de algumas destas tipologias, destina-se a pessoas com dificuldades em adquirir casa no mercado local.

A nova lei para a habitação intermédia, que foi submetida este mês para análise à Assembleia Legislativa, estabelece que o candidato seja residente de Macau, não podendo ser proprietário de imóveis no território nos dez anos anteriores à apresentação da candidatura.

O presidente do Instituto de Habitação em Macau, Arnaldo Santos, explicou que a residência intermédia está mais orientada para a população jovem e tem um caráter "mais de investimento", quando comparada com a habitação económica, podendo ser vendida passados 16 anos e ao preço de mercado.

Hidy Ho, vendedora numa loja de tecnologia, admitiu que a lista de espera para quem se candidata a habitação económica "é muito longa", além da qualidade "não ser tão boa" e os "apartamentos serem muito pequenos".

Entre 2009 e 2021, os preços dos imóveis de Macau subiram de 23.235 patacas (2.784 euros) por metro quadrado para 103.859 patacas (12,447 euros), representando um aumento de cerca de 350%.

Por outro lado, durante este mesmo período, o rendimento médio mensal dos trabalhadores locais aumentou de 10 mil patacas (1.198 euros) para o dobro, 20 mil patacas (2.398 euros), de acordo com um estudo sobre a política da habitação, divulgado em janeiro deste ano pela Direção dos Serviços de Estudo de Políticas e Desenvolvimento Regional.

Abby Ku, funcionária numa escola do território, referiu à Lusa que adquirir habitação privada está fora de questão, porque com "o salário atual seria demais pagar as prestações mensais".

"Gostava de ter uma casa a um preço mais baixo do que o do mercado, para ter um espaço pessoal e comprar no futuro, quando puder pagar, uma casa privada", concretizou.

Já a investigadora universitária Blair Chen não planeia comprar qualquer tipo de habitação para não "estar agarrada a uma hipoteca".

Na sociedade chinesa, é comum os jovens viverem com a família até ao casamento, tendo de contribuir com parte do salário para ajudar os pais.

"A mesada para os pais tem origem no confucionismo. Apoiar os pais é uma manifestação concreta de piedade filial, especialmente para os pais com baixos rendimentos", disse o docente de história do pensamento chinês na Universidade de Macau Cho Kee Cheng.

O professor considerou que este contributo dos jovens em casa deverá ainda "influenciar a nova geração de jovens em Macau".

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