"Fizemos o concurso, houve uma empresa vencedora, já passou o relatório preliminar, audiência prévia, relatório final e agora fizemos o contrato com essa mesma empresa, que iniciará as obras, em princípio, no final de julho, início de agosto", explicou Paulo Catalino Ferraz.
À agência Lusa, o presidente da Câmara de Carregal do Sal explicou que a empresa que venceu o concurso lançado em março, depois de dois concursos anteriores terem ficado desertos, vai "fazer toda a obra, exterior e interior, no edifício", para concluir a primeira fase do processo.
"Depois de toda a requalificação, que terá de estar pronta em junho de 2023, é que entramos na segunda fase do projeto, que é toda a sua musealização, ou seja, tornar a Casa do Passal no museu" dedicado a Aristides de Sousa Mendes, apontou o autarca.
Fechada ao público há quase 50 anos, a Casa do Passal sofreu uma intervenção nas paredes exteriores e cobertura, em 2014.
Nascido em 19 de julho de 1885, Aristides de Sousa Mendes, no início da II Guerra Mundial (1939/45), mais precisamente a partir de 1940, desempenhava as funções de cônsul em Bordéus (sudoeste de França).
Enquanto cônsul, concedeu cerca de 30 mil vistos para salvar a vida de refugiados do nazismo, a maioria judeus, contra as ordens expressas do então regime fascista português, liderado por António Oliveira Salazar.
Obrigado a voltar a Portugal, Sousa Mendes foi demitido do cargo e ficou na miséria, com a sua numerosa família. Morreu na pobreza em 03 de abril de 1954, no Hospital dos Franciscanos, em Lisboa.
Em 1966, foi reconhecido pelo instituto Yad Vashem, memorial dos mártires e heróis do Holocausto, como um "Justo entre as Nações" e, em 1998, foi condecorado a título póstumo com a Cruz de Mérito pela República Portuguesa, pelas suas ações em Bordéus.
Paulo Catalino Ferraz assumiu que a assinatura do contrato com a empresa, na quinta-feira, foi "o corolário lógico de muito trabalho e muita dedicação para chegar a este ponto, porque quando aparece um concurso pode pensar-se que é tudo muito fácil, mas não, foi preciso trabalhar muito para atingir este resultado".
A requalificação da Casa do Passal, situada em Cabanas de Viriato, tinha um valor inicial de 1,3 milhões de euros (ME), depois passou para 1,5 milhões de euros e este terceiro concurso foi de 1,8 milhões de euros.
Em março, aquando do lançamento do concurso, o autarca contou à agência Lusa que a autarquia "teve de fazer um novo reajusto do projeto, com os projetistas a fazerem a revisão, não só do projeto, mas dos preços".
Esta revisão, explicou, foi em consenso com a Direção Regional de Cultura do Centro e com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR), que assumiu "um reajustamento do apoio comunitário".
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