A Associação de Construtores Automóveis Europeus (ACEA) pede à União Europeia para aliviar as metas climáticas para 2030 e 2035 - devido à falta de condições para as atingir.
Em causa, estão os níveis de emissões de dióxido de carbono (CO2), num processo que prevê culminar com a proibição dos novos motores de combustão a partir de 2035. Os objetivos serão revistos numa reunião que deverá acontecer ainda este ano.
O setor tem fortes preocupações, tendo em conta o ritmo muito aquém do esperado e do necessário. A baixa procura tem obrigado várias empresas a reverem, reformularem e adiarem projetos de eletrificação total das gamas.
A quota de mercado dos elétricos na UE nos primeiros oito meses do ano nem chegou aos 16 por cento no caso dos ligeiros de passageiros: foi de 15,8 por cento, segundo a ACEA. Subiu face aos 12,4 por cento do mesmo período de 2024.
Segundo análises de mercado independentes citadas pela Automotive News Europe, se a tendência atual se mantiver, prevê-se uma quota de mercado de automóveis elétricos de apenas 63 por cento em 2035. Muito longe da totalidade que a UE quer.
Revisão das metas e outras medidas
No entender da ACEA, as metas de 2030 estão fora do alcance e, se se mantiverem, as multas podem ascender a 25 mil milhões de euros. Fala de um "argumento forte" para a revisão dos níveis de emissões a respeitar.
Houve um reajuste dos objetivos de 2025, com os fabricantes a terem três anos para cumprirem o patamar de 93,6 gramas por quilómetro de CO2. É contabilizada a média acumulada no período 2025-2027. Quanto a 2030, a associação representativa dos construtores propõe que a referência seja a média do período 2028-2032.
Requer, também, um "super crédito" dado a veículos elétricos compactos e uma maior relevância para os híbridos plug-in e veículos com extensor de autonomia. Quanto às viaturas movidas a combustíveis neutros em carbono, pede que sejam equiparados aos elétricos.
As recomendações estendem-se aos ligeiros de mercadorias, passando a considerar o período 2025-2029 para avaliar o cumprimento das metas de 2025. A ACEA pretende, igualmente, uma redução de 50 por cento nos objetivos para 2030.
Por outro lado, a associação propõe medidas do lado da produção, com incentivos a medidas de descarbonização como o uso de 'aço verde'.
Nos pesados, tudo é ainda mais difícil
A adoção de veículos pesados elétricos avança a um ritmo ainda mais lento do que a dos ligeiros. As metas de emissões a parecerem impossíveis de alcançar nos prazos previstos tendo em conta a quota de mercado dos elétricos: foi de 3,6 por cento no primeiro semestre.
A ACEA pretende uma revisão antes de 2027 como está atualmente planeado e medidas para impedir que os fabricantes sejam multados por incumprimentos.
Segundo a entidade, a aceitação de pesados de zero emissões no mercado é "demasiado lenta, demasiado concentrada e demasiado fragmentada" na UE.
Sublinha que estão em falta a maioria das condições necessárias para a operação de viaturas pesadas neutras em emissões - incluindo a infraestrutura adequada e o acesso a uma paridade de custos.
De forma a cumprir as metas de CO2 atualmente estipuladas para 2030, seriam necessários quase 400 mil camiões isentos de emissões nas estradas europeias até ao fim da década - segundo contas da ACEA. E as infraestruturas de apoio, como pontos de carregamento adequado, precisam de aumentar em dezenas de vezes para sustentar o aumento pretendido de viaturas deste tipo.
Assim, a entidade apela a uma "ação coordenada, coerente e decisiva", já que atualmente estão atrasados os enquadramentos de políticas, as infraestruturas e as medidas de competitividade. E, sem algo ser feito, a associação prevê o sério risco de falhar os objetivos climáticos de 2030.
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