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Domínio japonês no sudeste da Ásia em risco devido aos carros chineses

Os construtores automóveis japoneses têm o seu domínio no sudeste da Ásia em risco, devido às marcas chinesas - que propõem modelos elétricos de baixo custo, que são cada vez mais vendidos.

Domínio japonês no sudeste da Ásia em risco devido aos carros chineses

© Lusa

Lusa
30/09/2025 09:37 ‧ há 6 dias por Lusa

Auto

China

Os construtores automóveis chineses têm vindo a crescer, propondo em particular viaturas elétricas de baixo custo. E, segundo a consultora PwC, isso está a pôr em causa o domínio que os fabricantes japoneses têm há décadas no sudeste da Ásia.

 

A quota de mercado dos fabricantes japoneses - liderados por Toyota, Honda e Nissan - caiu para 62 por cento das vendas na primeira metade de 2025 nos seis maiores mercados da região, contra uma média de 77% na década passada. Os produtores chineses aumentaram a sua fatia de quase nula para mais de 5% de 3,3 milhões de unidades vendidas.

A ofensiva chinesa é explicada pela guerra de preços que o setor enfrenta na China, que levou os fabricantes a procurar mercados externos próximos, beneficiando de um acordo regional de comércio que garante acesso sem tarifas.

"A entrada dos fabricantes chineses de veículos elétricos marca o fim de uma era de domínio japonês no Sudeste Asiático", apontou Patrick Ziechmann, analista da PwC na Malásia.

Na Indonésia, maior mercado consumidor da região, as vendas da Toyota caíram 12% entre janeiro e agosto, para 161.079 unidades, enquanto as da chinesa BYD triplicaram para 18.989.

Os preços acessíveis são vistos como fator determinante: alguns modelos chineses começam nos 12 mil dólares (mais de 10 mil euros).

"O preço é o fator decisivo. Os japoneses têm de reagir, caso contrário vão continuar a perder quota de mercado", afirmou o vice-presidente da associação indonésia de fabricantes de automóveis, Jongkie Sugiarto, citado pelo jornal britânico Financial Times.

A presença chinesa no país não se limita às vendas. Pelo menos 15 marcas estão já ativas e outras cinco devem entrar brevemente.

Algumas instalaram fábricas próprias, enquanto outras produzem em parceria com empresas locais, beneficiando de isenções temporárias de taxas de importação para veículos elétricos.

No entanto, a partir do próximo ano, os fabricantes terão de produzir localmente para continuarem a aceder a subsídios, o que poderá travar o avanço de marcas mais pequenas.

Em Singapura, a transformação é ainda mais evidente: a BYD tornou-se este ano a marca mais vendida, ultrapassando a Toyota, que em 2023 liderava com 25% das vendas.

Os incentivos governamentais para veículos elétricos e a entrada agressiva de várias marcas chinesas, com estratégias de marketing inovadoras, ajudaram a mudar preferências dos consumidores.

A China está também a apostar em tecnologia, procurando tirar partido da vantagem no 'software' automóvel.

A fabricante Xpeng começou este ano a exportar para a região modelos equipados com funções como estacionamento controlado por telemóvel. "Vemos o Sudeste Asiático como um mercado cheio de potencial", disse o presidente da empresa, Brian Gu.

A reconfiguração já está a transformar a indústria regional. A Subaru encerrou a fábrica na Tailândia em 2024, enquanto a Suzuki planeia fechar as suas instalações até final de 2025.

Em contrapartida, a BYD enviou em setembro o primeiro veículo produzido na Tailândia para a Europa, sinalizando ambições globais.

Segundo Jessada Thongpak, analista da S&P Global Mobility, a penetração chinesa no Sudeste Asiático é apenas o início de um processo que deverá replicar-se noutras regiões.

A consultora prevê que as marcas chinesas possam representar 20% das vendas de automóveis na Tailândia até 2032.

Apesar do impacto económico positivo que as marcas japonesas tiveram durante décadas na região, os consumidores "decidirão quem serão os vencedores finais", afirmou o diretor de vendas da BYD para a Ásia-Pacífico, Liu Xueliang, citado pelo FT. 

Leia Também: China vai exigir licença para exportar elétricos para o estrangeiro

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