As dificuldades na Stellantis já levaram ao corte de quase 10 mil postos de trabalho em Itália em quatro anos. Os dados são anunciados pelo sindicato Federazione Impiegati Operai Metallurgici (FIOM-CGIL).
Num comunicado emitido esta segunda-feira, sob o título 'Stellantis: A Grande Fuga de Itália', a entidade fala do despedimento de 9.656 trabalhadores entre 2020 e 2024 - para os 27.632 no fim do ano passado. E há influência das saídas voluntárias.
Só este ano, já terão sido realizados 2.352 despedimentos - ainda aquém dos 3.700 do ano passado. A 1 de setembro, estavam abrangidos por despedimentos e contratos de solidariedade 20.233 em 32.803 trabalhadores.
Nos 20 anos entre 2004 e 2014, a produção caiu mais de metade, segundo a entidade sindical - de quase um milhão de unidades em 2004 para 479.938 no ano passado (no somatório entre viaturas de passageiros e veículos comerciais). Já nas fábricas com produção de motores, a quebra foi de 534.700 unidades no mesmo período.
Os motivos da quebra, segundo o sindicato
A FIOM-CGIL alega que a menor procura não é o único motivo para esta quebra da produção e dos postos de trabalho na Stellantis em Itália, falando de uma perda de quota de mercado não só naquele país, como também na Europa no geral - de 35,23 por cento para 29,13 por cento entre 2022 e 2024.
O comunicado fala ainda de uma descida acentuada do património líquido do grupo de 7.758.142.000 euros em 2020 para 6.523.544.000 euros no ano passado, para além de uma "significativa quebra dos investimentos materiais" para 4.110.326.000 euros - sobretudo em equipamento industrial, investimento em fábricas e maquinaria e gastos em pesquisa e desenvolvimento em Itália.
"Situação dramática"
Michele de Palma, líder sindical, comentou que Antonio Filosa encontrou na Stellantis "uma situação dramática, causada pela falha do plano e propriedade de Carlos Tavares".
O sindicato pede uma reunião com o novo diretor-executivo da Stellantis "para definir um plano industrial que tem de incluir novos modelos de mercado em massa".
Reivindica, igualmente, "um plano para reforçar a pesquisa e desenvolvimento, o revitalizar do projeto 'gigafactory', o relançamento da Maserati e da Alfa Romeo e novas contratações para reverter a estratégia de saídas voluntárias e regenerar emprego nas fábricas".
Ao governo italiano, Michele de Palma pede que o setor automóvel passe a ser um assunto do Conselho de Ministros, considerando que o ministério da Empresa e do Made in Italy não tomou medidas capazes de resolver "a crise estrutural do setor, com um declínio contínuo na produção e um aumento no uso das redes de segurança social".
O líder da FIOM-CGIL entende que a produção deve ser de pelo menos um milhão de viaturas por ano e ainda deixou uma exigência à União Europeia: "Um fundo público extraordinário para sair da crise e relançar não só a pesquisa e desenvolvimento, como também produção e emprego, com a possibilidade de envolver Estados no capital de empresas e adoção de mecanismos de conteúdo local".
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