A Volkswagen decidiu, há alguns anos, abandonar os botões analógicos tradicionais em alguns modelos, concebendo interiores modernos e digitais - incluindo botões capacitivos (táteis). Este tipo de tecnologia está na origem de insatisfação e preocupação de clientes.
E há, até, pelo menos um processo movido contra o fabricante empresa na sequência de incidentes alegadamente atribuíveis aos controlos digitais reportados à Administração Nacional da Segurança Rodoviária (NHTSA) dos Estados Unidos da América. E, alguns desses incidentes, terão resultado, inclusivamente, em fatalidades.
Um documento publicado no site Truth in Advertising mostra que clientes nos EUA moveram um processo judicial, que está nas mãos de um tribunal em Nova Jérsia. Em causa, estão os botões táteis no volante do ID.4, que os queixosos consideram ser demasiado sensíveis ao toque - originando, assim, toques não intencionais nos mesmos ativando funcionalidades não desejadas naquele momento.
Condutores "aterrorizados"
Volante e habitáculo do Volkswagen ID.4© Bing Guan/Bloomberg via Getty Images
No documento da queixa, pode ler-se que os botões capacitivos demasiado sensíveis no volante "ativam automaticamente o cruise control adaptativo com um simples toque da mão".
E as consequências são sublinhadas: "Isto resulta em aceleração súbita e não intencional enquanto os proprietários estão a conduzir o veículo. Alguns estiveram envolvidos em acidentes fatais por causa do defeito, deixando-os aterrorizados e hesitantes em conduzir os seus carros".
Também são citados casos de carros estacionados em que o cruise control adaptativo foi acionado inadvertidamente, com as acelerações inesperadas consequentes a resultarem em lesões e danos materiais.
Segurança inteligente também questionada
O processo judicial também põe em questão a tecnologia IQ.Drive de segurança inteligente - que abrange as várias assistências à condução como o cruise control adaptativo, assistente de faixa ou assistente de emergência, entre outros: "A tecnologia do ID.4, em específico o volante capacitivo e o sistema IQ.Drive, têm defeitos".
E ainda se lê: "A ativação dos mecanismos de segurança incorporados prometidos pela Volkswagen, incluindo o sistema de travagem de emergência, falhou repetidamente".
Volkswagen assume erro: "É um carro. Não é um telefone"
Os controlos táteis estão longe de ser unânimes. Em março passado, o diretor do departamento de design da Volkswagen, Andreas Mindt, reconheceu que esta não foi a melhor abordagem possível.
Em declarações à publicação Autocar, o designer prometeu o regresso dos botões físicos a partir do ID.2all: “Nunca mais cometeremos esse erro. No volante também teremos botões físicos. […]. Honestamente, é um carro. Não é um telefone”.
Mais recentemente, o diretor-executivo da Volkswagen na China, Ralf Brandstätter, utilizou o LinkedIn para reconhecer a preferência dos clientes europeus por "controlos táteis, durabilidade de longo termos e dinâmica de condução".
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