Elétricos. Bruxelas pede cooperação na investigação a apoios chineses
O vice-presidente executivo da Comissão Europeia com a pasta do Comércio visita a China, entre sábado e terça-feira, para pedir cooperação a Pequim na investigação aberta por Bruxelas sobre subvenções chinesas, alegadamente ilegais, ao setor dos carros elétricos.
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Auto China
Pouco mais de uma semana após o anúncio de uma investigação europeia às subvenções estatais chinesas aos fabricantes de automóveis elétricos - veículos que entraram rapidamente no mercado da União Europeia (UE) e que são vendidos a um preço bastante menor que os dos concorrentes comunitários -, Valdis Dombrovskis vai então reunir-se com altos responsáveis chineses no âmbito do diálogo de alto nível entre Bruxelas e Pequim.
De acordo com fontes europeias ouvidas pela Lusa, esta que é uma visita marcada "há vários meses" ganha "um novo impulso" ao coincidir com o anúncio da investigação comunitária a alegadas práticas comerciais desleais.
"Vamos poder comunicar os passos seguintes e passar a mensagem de que a China pode estar interessada em cooperar para ficar num cenário melhor [na investigação], ao poder contestar e apresentar provas, argumentar, etc. Ao passo que, se não cooperar, a decisão da Comissão será baseada em informação pública, o que tradicionalmente se revela mais prejudicial", explicaram as mesmas fontes, num encontro com a imprensa europeia, incluindo a Lusa.
Garantindo que a investigação "está totalmente em linha com as regras da Organização Mundial de Saúde", estes responsáveis comunitários adiantaram que a visita de Valdis Dombrovskis servirá para "ouvir as partes interessadas", em cidades como Pequim e Xangai.
Uma outra preocupação europeia a abordar é a "rápida deterioração do ambiente de negócios e as diretrizes dúbias que [as autoridades chinesas] enviam para os negócios europeus", com leis como as relativas aos dados e à cibersegurança.
As fontes europeias adiantaram que, em cima da mesa, estarão ainda preocupações comerciais e tecnológicas específicas dos 27 Estados-membros, nomeadamente quanto às redes de quinta geração (5G), quando países como Portugal admitem excluir fornecedores arriscados, como a fabricante chinesa Huawei.
De momento, existem tensões comerciais entre Bruxelas e Pequim, já que na semana passada a presidente do executivo comunitário, Ursula von der Leyen, anunciou a abertura da investigação, no seguimento da recolha de provas durante um ano por parte dos serviços da instituição.
No seu discurso sobre o Estado da União em 2023, na sessão plenária do Parlamento Europeu, em Estrasburgo, Ursula von der Leyen observou que "os mercados mundiais estão agora inundados de carros elétricos chineses mais baratos".
"Isto está a distorcer o nosso mercado e como não aceitamos isto a partir de dentro, também não o aceitamos a partir de fora, por isso, posso anunciar hoje que a Comissão vai lançar uma investigação contra as subvenções aos veículos elétricos provenientes da China", revelou a responsável.
No dia seguinte ao anúncio da investigação, a China manifestou "sérias preocupações e forte insatisfação", acusando a UE de "um flagrante ato de protecionismo em nome da concorrência leal".
Segundo dados da Comissão Europeia, os carros elétricos chineses, que entraram recentemente na UE, já representam 8% do mercado total, sendo 20% mais baratos face à concorrência europeia.
A China, que tem emergido como potência económica, tem avançado com uma robusta estratégia de investimento estatal, que a UE contesta por afetar a concorrência.
Em causa estão avultadas subvenções a empresas chinesas a investir no estrangeiro, principalmente em setores estratégicos.
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