Em entrevista ao jornal Corriere della Sera, Luca Di Montezemolo recordou Sergio Pininfaria, famoso designer automóvel italiano. O antigo presidente da Ferrari, que esteve em funções até 2016, teceu rasgados elogios ao histórico do setor, mas deixou algumas críticas às fabricantes italianas.
"Em dezembro de 1991 tornei-me presidente da Ferrari. Além da gestão desportiva, tivemos que trabalhar nos carros novos. Falei imediatamente com o Sergio, o príncipe dos designers de automóveis. O primeiro carro em que trabalhamos foi o F355, com o motor de oito cilindros. Para fazer carros bonitos naqueles anos tinhas de ir a Turim, era automático", relembrou, começando a onda de críticas.
"O carro italiano não existe mais. Apenas a Ferrari permanece. Pouco ou nada existe em Turim", afirmou, frisando ainda que a Lamborghini "é alemã" e a Fiat "francesa", em alusão ao facto de a primeira pertencer ao grupo Volkswagen e a segunda à Stellantis.
Sobre a Alfa Romeo, a Maserati ou a Lancia, Di Montezemolo não teceu qualquer comentário, afirmando apenas que Turim é agora um "território triste e quase deprimido". "Foi uma das capitais mais importantes do mundo no campo do design e da indústria automóvel", lamentou.
"Se penso no Sergio, três coisas vêm-me à mente, todas ligadas ao seu jeito de trabalhar. Ele foi inovador, sempre. Mesmo quando confrontado com marcas históricas como a Ferrari. Tinha uma atenção obsessiva aos detalhes, não imaginam o tempo que passávamos a olhar para os detalhes. Depois... a originalidade. Quando ele se reformou quase não havia necessidade de colocar o logótipo da Ferrari ou 'Made in Italy', porque sabias imediatamente que aquele produto vinha daquela mão. Este é um valor que corremos o risco de perder", relembrou ainda.