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Mecânico de Fórmula 1 relata ambiente pesado: "Nem meia hora para comer"

Em entrevista ao Motorsport, um mecânico, que não quis revelar a sua identidade, falou sobre as difíceis condições que se vivem durante uma época de Fórmula 1.

Mecânico de Fórmula 1 relata ambiente pesado: "Nem meia hora para comer"
Notícias ao Minuto

10:24 - 30/12/21 por Ruben Valente

Auto Fórmula 1

Não são eles quem brilha, mas são certamente eles que fazem brilhar. Os mecânicos das equipas de Fórmula 1 não têm vida fácil, apesar de muitos ambicionarem e sonharem lá chegar. 

Dias de trabalho a fio, turnos de 12 horas, viagens cansativas, noites dentro a trabalhar e salários congelados. Em entrevista ao Motorsport, um mecânico de F1, que preferiu manter-se no anonimato, falou sobre a dificuldade de trabalhar na mais alta categoria do desporto motorizado.

"Temos de montar o carro, depois a caixa de velocidades, a suspensão, etc. Por vezes nem há meia hora para comer, sentes que tens de o fazer rápido para voltar ao trabalho", começa por contar, depois de revelar que tem, juntamente com os seus colegas, de descarregar 800 toneladas de material antes de cada fim de semana de Grande Prémio.

Física e mentalmente, o mecânico em questão conta que é um trabalho muito duro e que, mesmo no regresso a casa, tem implicações nas relações familiares.

"Trabalhas desde o momento em que sais do avião e podes ter tido uma viagem horrível, em classe turística, com pouco espaço e sem dormir nada. Não é apenas um cansaço mental, é também físico. À medida que a temporada vai avançado acontecem muitas lesões. As equipas têm médios e fisioterapeutas para nos ajudar, mas a solução mais fácil é tomar um analgésico e continuar. Muitos recorrem ao álcool e isso não é nada bom", relata.

Quem vê um Grande Prémio, vê que o trabalho de um mecânico pode ser crucial para as contas da equipa ou de um piloto. Caso haja um acidente nos treinos livres, por exemplo, são os mecânicos que ficam a trabalhar pela noite fora para que no dia seguinte o monolugar esteja em condições de ir para pista. Além disso, um pit-stop que corra mal pode estragar toda uma estratégia de corrida.

"Isso aumenta o stress. Confiam em nós e que iremos render sempre 100%, sem erros, mas qualquer um ponto cometer erros. Somos humanos e eu já fiz muitos na minha vida... Começas a duvidar de ti mesmo, mexe contigo e isso pode ainda fazer com que erres mais porque estás sob stress", revela ainda.

Sobre os ordenados que estão estagnados há alguns anos, o mecânico confessou a resposta que já foi dada a quem abordou o assunto: "Se não estás satisfeito, a porta é ali...".

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