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O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico Jeremy Hunt "desaconselhou a partir de agora qualquer viagem ao Irão aos detentores de dupla nacionalidade britânica e iraniana", porque "correm um risco mais elevado de detenção arbitrária e de maus tratos" que os detentores de outras nacionalidades, situação que considerou de "inaceitável".
"Apesar de o Reino Unido ter admitido a resolução do problema em diversas ocasiões, a conduta do regime iraniano agravou-se", lamentou o chefe da diplomacia britânica que disse ter tomado a decisão de rever os conselhos aos viajantes, após ter "esgotado todas as restantes opções".
"Os riscos pelos quais [os iraniano-britânicos] estão confrontados incluem a detenção arbitrária e a ausência de acesso aos direitos fundamentais, como vimos no caso de Nazanin Zaghari-Ratcliffe, separada da família desde 2016".
Funcionária da Fundação Thomson Reuters ligada à agência noticiosa canadiano-britânica com o mesmo nome, Nazanin Zaghari-Ratcliffe, de 40 anos, foi detida num aeroporto no Irão em 2016 após ter visitado a sua família.
Em setembro de 2016 foi condenada a cinco anos de prisão por participação em manifestações em 2009 destinadas a derrubar o regime, o que desmente. Londres concedeu-lhe proteção diplomática em março.
O ministro também apelou à "prudência" dos cidadãos iranianos residentes no Reino Unido que regressem ao Irão para visitar familiares ou amigos, "em particular quando o Governo iraniano pode considerar que têm ligações pessoais com as instituições britânicas ou o Governo britânico".
O ministro precisou que o Governo iraniano não reconhece a dupla nacionalidade e caso uma pessoa com dupla nacionalidade iraniana e britânica seja detida no Irão, a possibilidade de apoio consular é extremamente limitada.
Estas declarações surgem num clima de tensão entre Londres e Teerão.
Para além do caso de Zaghari-Ratcliffe, muito mediatizado, uma empregada iraniana do British Council, identificada como Aras Amiri pelo centro cultural britânico, foi condenada a dez anos de prisão por espionagem. Este último caso foi considerado na quarta-feira de "extremamente chocante" pela primeira-ministra Theresa May.