A vida não para e com o acesso à informação a qualquer momento surge também a necessidade de controlar cada aspeto da vida, incluindo a altura certa do dia ou da semana para o entretenimento e lazer. Longe vai o tempo em que era preciso esperar por determinada hora para ver o episódio daquela série. Agora cada um decide a altura que lhe convém.

“Os consumidores estão a alterar todo o ritmo de mudança pelo facto de quererem aceder a conteúdos de qualidade em qualquer ecrã, em qualquer lugar e a qualquer momento. Esta tendência está a obrigar a indústria da TV e dos media a enfrentar uma rutura sem precedentes e uma transformação significativa para a TV em termos de consumo”, explicou ao Tech ao Minuto o director de TV e Media para a Região Mediterrânea na Ericsson, Rodolfo Correia.

O facto de a Ericsson ter sido selecionada pela Vodafone para melhorar a distribuição de conteúdos de vídeo permitiu desempenhar um papel relevante num momento-chave para o consumo do streaming em Portugal. A ajudar a Ericsson esteve também o facto de grande parte do país já ter acesso a internet de banda larga. De acordo com os dados do Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias de 2015 cerca de 70% das famílias já tem acesso à internet em sua casa.

Mais interessante ainda é constatar que dois terços dos internautas acedem à internet diretamente através dos seus smartphones, o que permite um consumo de conteúdos quase constante. A importância de conseguir oferecer conteúdo em mobilidade é algo que a MEO tem bem presente porque, justificou ao Tech ao Minuto, tem “assumido um papel potenciador de mudança” numa realidade onde “quase 80% da interação com o serviço acontece num contexto pessoal e de mobilidade”.

Os novos ‘players’ do mercado

São reconhecidos os benefícios do streaming. A poupança no espaço de armazenamento e a disponibilidade dos conteúdos em qualquer lugar são apenas alguns dos argumentos que convencem qualquer um, seja na área do vídeo ou da música. É nesta última que a MEO se mostra confiante no seu serviço: o MEO Music, cujo “volume de streams nos últimos dois anos cresceu mais de 300%”, tem um consumo mensal de 1,5 milhões de horas de música.

“Temos contribuído ativamente para acentuar a alteração de hábitos nesta área, em que o domínio do streaming é globalmente reconhecido e uma tendência imparável,” destaca a MEO, sustentando que a direção do mercado parece clara: o streaming é o futuro.

Na área do vídeo é impossível ignorar a Netflix, empresa presente no mercado desde os anos 90 mas que se tornou mais popular nos últimos anos com a aposta na transmissão de conteúdos. No passado mês completou em Portugal meio ano de existência, uma ocasião que levou o Tech ao Minuto a tentar entrar em contacto com a empresa, que se mostrou indisponível.

Apesar do sucesso que goza lá fora, o serviço Netflix foi criticado logo quando ficou ativo no dia 21 de outubro de 2015, com os utilizadores a criticarem a escassez de filmes e séries. Em janeiro, a situação não melhorou, com Portugal a ter apenas 773 filmes ou séries ao passo que a versão dos EUA conta com 5.680. O Tech ao Minuto procurou também entrar em contacto com a NOS a propósito do N Play, o seu próprio serviço de streaming, mas sem sucesso.

Os desafios para o futuro

A Ericsson prevê que até ao final de 2020 existam perto de 26 mil milhões de dispositivos conectados à internet, um universo demasiado vasto e que torna clara a “necessidade de transformação e adaptação dos pacotes de conteúdos fornecidos” e de uma maior “investigação do setor do consumo e da indústria de TV e media”.

Portugal parece bem ‘lançado’ para esta realidade, com os consumidores a reconhecerem que o futuro passa pelo consumo por streaming. De acordo com relatório Ericsson ConsumerLab TV & Media 2015, 50% dos portugueses assistem a conteúdos deste tipo “de forma diária e regular”, um conjunto que se prevê que venha a aumentar à medida que mais empresas e serviços aderem a este modelo.