Técnicos criam simuladores para testar funcionalidade de rotundas
Especialistas de Coimbra, Aveiro e Viseu desenvolveram modelos virtuais para simularem o funcionamento de diferentes tipos de rotundas, permitindo "sustentar intervenções" e "projetar novas soluções mais seguras e amigas do ambiente", anunciou hoje a Universidade de Coimbra (UC).
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Tech Coimbra
Segundo um comunicado da academia, uma equipa de investigadores das universidades de Coimbra e de Aveiro e do Instituto Politécnico de Viseu recorreu a "modelos virtuais para simular o funcionamento de diferentes tipos de rotundas nacionais, adaptando-os para representarem as características da rede e dos condutores portugueses".
Estes modelos de simulação permitem representar o ambiente rodoviário real, desde um simples cruzamento a uma rede complexa, que pode abranger uma zona ou cidade, sendo assim possível "testar o funcionamento de diversas soluções rodoviárias antes de estas serem concretizadas", salienta a UC.
Trata-se, na prática, de "modelos microscópicos incorporados num software e que representam de forma fidedigna o comportamento dos veículos e dos seus condutores" (variabilidade comportamental, velocidades, taxa de aceleração, tempos de reação, etc.), explicitam os técnicos envolvidos no projeto.
Os especialistas adaptaram o modelo espanhol Aimsun ("um dos modelos de referência mundial") para a realidade da rede viária nacional, no âmbito do projeto AROUND (Novos Instrumentos de Avaliação Operacional e Ambiental de Rotundas), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Com a simulação até ao "ínfimo detalhe", tendo por base estes "modelos virtuais calibrados", é possível avaliar o impacto associado a diferentes cenários de procura de tráfego, a alterações geométricas ou a novas soluções de regulação, entre outras situações, sem ser necessária "a intervenção real, muitas vezes dispendiosa", explica Ana Bastos, coordenadora do trabalho e investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da UC.
"O modelo disponibiliza perfis temporais de posição, velocidade e de aceleração relativos a cada veículo simulado, permitindo avaliar o desempenho global das rotundas numa perspetiva integrada de fluidez, geração potencial de acidentes e de emissões ambientais", sublinha Ana Bastos.
A solução informática proposta pelos investigadores de Coimbra, de Aveiro e de Viseu permite também avaliar o modo de funcionamento de soluções inovadoras como as turbo-rotundas (em que se canalizam os veículos da entrada à saída, através de lancis, para evitar os entrecruzamentos no anel de circulação), que ainda não existem em Portugal.
As rotundas continuam a ser "uma boa solução para a gestão da rede rodoviária, por serem baratas e eficientes, quando comparadas com a construção de um cruzamento prioritário ou mesmo a instalação de semáforos", mas, regra geral, "o projeto de rotundas em Portugal continua a ser feito à margem de qualquer verificação dos níveis de capacidade ou de segurança, resultando por vezes em soluções desajustadas às necessidades locais", advertem os investigadores envolvidos no estudo.
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