Em declarações aos jornalistas após o discurso na noite de sexta-feira de Passos Coelho na festa social-democrata do Pontal, o porta-voz do PS, João Ribeiro, apontou que a intervenção do chefe do Governo tem três ideias fundamentais: "Apesar do mal feito, continua o mesmo caminho, pressiona o Tribunal Constitucional e envia recados para dentro do Conselho de Ministros."
Sobre este último ponto, o porta-voz do PS disse que isso confirma que o país "continua em profunda crise" e o Governo "é o principal fator de instabilidade política em Portugal".
Para o PS, o discurso do primeiro-ministro "foi um discurso insensível e contraditório".
"À defesa dos direitos constitucionais chamou risco constitucional, à tragédia social em que vivem milhares de portugueses chamou risco social, à incompetência do seu Governo chamou risco político interno", apontou João Ribeiro.
"Aos desempregados disse para criarem valor, aos empresários sem financiamento disse para se adaptarem, aos pensionistas e reformados agradeceu-lhes terem que sustentar os filhos e os netos angustiados", continuou.
Para o PS, Passos Coelho "é um primeiro-ministro longe da realidade da vida dos portugueses" e "é profundamente insensível".
Relativamente às declarações feitas pelo primeiro-ministro em relação ao risco que ainda constitui o Tribunal Constitucional, João Ribeiro apontou que essa é uma linguagem "imprópria".
"O primeiro-ministro insiste em pressionar o Tribunal Constitucional. O Tribunal Constitucional cumpre o seu dever, o dever de fiscalizar o cumprimento da Constituição da República e o Governo tem de respeitar a Constituição", sublinhou, apontando que se trata de uma "pressão inaceitável".
Acrescentou que Passos Coelho tem habituado o país, ao longo dos últimos anos, "nesta falta de respeito por aquilo que é o papel de um órgão de soberania".
O PS considerou também que o primeiro-ministro e líder do PSD tem um discurso contraditório ao anunciar que não atua para ganhar eleições, mas divulgando os objetivos do partido para as autárquicas de setembro, que passam por manter a presidência da Associação Nacional de Municípios.
Nesta matéria, defendeu João Ribeiro, o PS entende que o mais importante é que os portugueses possam decidir em liberdade quais são as suas opções políticas e o que desejam para as suas autarquias.
Por outro lado, relativamente ao repto lançado por Passos Coelho ao Partido Socialista no sentido de uma união de esforços, o porta-voz sublinhou que o PS "nunca rejeitou unir esforços em nome do país nem nunca rejeitou dar o seu contributo para resolver os problemas do país e dos portugueses".