“O que dizer do que está a acontecer em Portugal?”, começa por questionar o advogado e antigo primeiro-ministro, Santana Lopes, no artigo de opinião que assina hoje no Jornal de Negócios. E, responde, de seguida: “Só provoca uma profunda tristeza”, o País, “as pessoas, as famílias, as empresas, que tantos sacrifícios têm feito, mereciam que os membros do Governo não se zangassem uns com os outros”.
Alertando que ainda não é conhecido o resultado das negociações entre Passos e Portas, o antigo governante considera que “o mais provável” é que os outros ministros do CDS “sigam o líder”. E aí, prevê Santana Lopes, “o Presidente da República terá de decidir se aceita um Governo minoritário (…) ou se pelo contrário, prefere dissolver a Assembleia da República e convocar eleições”.
Mas, acrescenta o advogado, “além do que tudo isto representa para a economia real e para a vida as pessoas”, nomeadamente “num momento em que chegavam os primeiros e tímidos sinais de travagem da queda”, as “consequências políticas” não serão fáceis.
“Se o Governo cair por implosão interna, como irão os partidos que compõem a coligação apresentar-se aos eleitores? Que campanha poderão fazer? Não será nada fácil”, acredita o antigo governante.
Esta parece, porém, ser “a sina do centro-direita em Portugal”, que dificilmente passa “de metade da legislatura”, escreve Santana Lopes, dando o exemplo do que aconteceu no passado com “Sá Carneiro, Francisco Pinto Balsemão, Durão Barroso”, até com ele próprio, “e, agora esta situação inacreditável”.
Neste sentido, conclui o antigo primeiro-ministro, “Pedro Passos Coelho é o quarto líder do PSD a ter grandes problemas com Portas” mas, acredita Santana, “não haverá um quinto” porque “há um tempo que acaba aqui se se confirmar que o bom senso não volta a imperar”.
E quem sai a ganhar com tudo isto? Na opinião do advogado será o PS, que “se se continuar por este caminho” regressará “ao poder, de onde saiu há dois anos”.